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Filosofia, Mente

Tenha uma vida simplificada e invista no que realmente importa para você

14 de dezembro de 2017

Ter uma vida simples é um conceito que está bastante em voga nos dias atuais. Muito tem se falado sobre mudar padrões de consumo, trocar hábitos e reduzir gastos com itens que podem ser desnecessários. Mas seria a vida simples igual para todos? Partindo do pressuposto de que cada pessoa tem necessidades diferentes, uma ideia que pode ajudar aos interessados em viver com menos pode ser a expressão “simplificar a vida”.

O que é uma vida simplificada?

O termo vida simples pode nos remeter a um conceito fechado, ou seja, uma fórmula de vida pronta segundo o qual temos que nos encaixar. Podemos imaginar que necessariamente teremos que abdicar de determinados padrões de consumo ou posses para se enquadrar em uma vida simples.

Contudo, cada pessoa tem necessidades e costumes próprios. Por exemplo: viver sem carro pode ser fácil para um indivíduo e extremamente difícil para outro. Da mesma forma, há quem goste de manter determinado hábito de consumo do qual não quer abrir mão. Pode ser qualquer coisa: frequentar um restaurante bom, ter o videogame de última geração, fazer viagens com frequência, trocar de carro todo ano, e por aí vai.

Contudo, simplificar a vida não significa abrir mão de prazeres e hábitos que você pode manter e te fazem bem, mas sim repensar a real necessidade de tudo o que consumimos. No longo prazo, gastos desnecessários podem provocar um verdadeiro rombo no orçamento, impedindo que você invista dinheiro no que realmente é importante para você.

Será que realmente precisamos de tudo o que compramos ou possuímos? Este é o exercício indicado para quem pretende ter uma vida simplificada. Dessa forma, simplificar a vida nada mais é do que avaliar quais hábitos de consumo realmente agregam valor à vida e quais existem apenas de forma automática e só servem para atender padrões externos e expectativas sociais.

Mudança de hábito

Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, pratica há algum tempo o exercício de repensar os próprios hábitos de consumo e garante que os resultados só melhoram o seu dia a dia.

Ele simplificou a própria vida em comparação ao passado. Uma das principais medidas tomadas por Tagawa, por exemplo, foi vender o carro e adquirir uma bicicleta. “Percebi que ter um carro na família, em vez de dois, é o suficiente. Você simplifica, diminui custos”, afirma. Além disso, compra menos roupas novas e reduziu a frequência com que vai a restaurantes caros, por exemplo.

Com relação às roupas, ele percebeu que usava apenas as que mais gostava e muitas ficavam intactas no guarda-roupa. Dessa forma, para ele funcionou o exercício de reduzir a quantidade de novas peças. Para não acumular, toda vez que ele compra uma roupa nova escolhe uma antiga para doação.

A principal questão, no fundo, não é de fato quais hábitos mantemos ou deixamos de manter, mas sim o motivo pelo qual fazemos o que fazemos. E para você, o que seria simplificar a vida? Repensar padrões desnecessários pode ajudar, e muito, a destinar nosso dinheiro para o que realmente é importante para nós.

Atividade Física, Corpo

Criar recompensas nos ajudam a ter regularidade na prática de atividades físicas

8 de dezembro de 2017

A prática regular de atividades físicas exige de nós comprometimento, não é mesmo? Por mais que a gente saiba de todos os benefícios dos exercícios físicos para o corpo e para a mente, às vezes é muito difícil encaixar tal prática na nossa rotina com regularidade. Nessas horas, pensar na recompensa que teremos ao final da atividade é um fator que ajuda, e muito, a criarmos o hábito de nos exercitar.

 O que é o poder do hábito?

“Para tudo que fazemos na vida a gente pede uma recompensa, isso é o poder do hábito”, afirma o empreendedor Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, cujas práticas nos ajudam a criar hábitos, garante.

Tagawa refere-se ao que aprendeu no bestseller “O Poder do Hábito”, de Charles Duhigg. De acordo com ele, automaticamente estabelecemos recompensas para nós mesmos com relação a tudo o que fazemos.

Às vezes, exemplifica, temos o hábito de tomar café, mas na verdade a recompensa está no bombom que vem junto. “Automaticamente o cérebro registra tal situação e você faz aquilo sem pensar. É o poder do hábito”, explica.

Nossa tarefa é exercitar na nossa mente quais hábitos estão enraizados em nós e qual tipo de recompensa damos para cada um deles. Então, para conseguir criar o hábito de algo difícil ou que exija comprometimento de nossa parte, o recomendado é criar uma recompensa para isso.

Como criar uma recompensa

Já foi postada aqui no blog a rotina diária de exercícios matinais que Tagawa se compromete a fazer. Para ter determinação de fazer os exercícios com regularidade, ele estabeleceu para si mesmo a recompensa de um saboroso café da manhã.

“O dia em que eu estou desanimado e pensando ‘que droga, vou ter que fazer os exercícios’, logo em seguida eu penso: ‘peraí, tem a recompensa.’. Consequentemente eu não consigo abrir mão dos exercícios, vou lá e pratico.”

São inúmeras as recompensas que podemos criar para nós mesmos após fazer atividades físicas. Uma delas que é inerente à prática é o bem estar físico e emocional proporcionado pela liberação de hormônios. Redução de peso, maior mobilidade e produtividade durante o dia são outras. Dessa forma, quando aquela preguiça pintar, pense imediatamente na recompensa que a prática vai te causar e persista. Com o tempo, a insistência em fazer uma atividade com a qual não nos estamos acostumados vai se enraizando – e é aí que o hábito é criado.

As práticas da Filosofia do Bonsai, como rituais, mantras e meditação também nos ajudam a dominar o cérebro. Quando estamos em estado meditativo, por exemplo, observamos tudo o que se passa na nossa mente. Dessa forma, identificamos os pensamentos que nos impedem de agir. “A meditação nos ajuda a não tocar a nossa vida no automático”, garante Tagawa.

Quando identificamos pensamentos negativos recorrentes como “não gosto de me exercitar” ou “não tenho disciplina”, o jeito é domá-los – e pensar imediatamente na recompensa. Especialistas em neurociência afirmam que a mente humana é mais voltada para o lado negativo do que positivo. Cabe a nós treinar o nosso cérebro para controlar os pensamentos negativos e darmos a volta por cima: ou seja, sermos fortes para pensar no lado bom das coisas; afinal, construímos a nossa realidade com base no que pensamos.

Autodesenvolvimento, Mente

Para viver em plenitude devemos entrar com contato com nossas sombras

6 de dezembro de 2017

Para vivermos a nossa plenitude precisamos necessariamente entrar em contato com algo que geralmente evitamos ao máximo: nossas sombras. As sombras estão dentro de nós, mas raramente queremos olhar para elas. Pode ser algum medo, alguma características que temos e não gostamos de assumir ou uma ferida mal resolvida. Olhar para as sombras, contudo, é essencial para nossa evolução, crescimento e paz interior.

O que são as sombras na psicologia?

 O significado literal de sombra nos ajuda a entender o que elas representam no campo psicológico. Uma sombra é um espaço escuro provocado pela ausência de luz. Ele é criado pela existência de um obstáculo na frente da fonte luminosa. Tem a proporção distorcida com relação ao corpo real que a provoca.

O termo sombra é bastante usado por psicólogos. Na psicologia analítica, criada por Gustav Carl Jung, a sombra significa algo que negligenciamos em nós, que está no nosso inconsciente.

“Encontramos na sombra os aspectos mais repugnantes de nosso ser, que por não serem aceitos são relegados ao inconsciente”, diz o portal Psicologia Junguiana, acrescentando que, para Jung, é caminho necessário para o autoconhecimento a confrontação com este mal que existe em nós.

Geralmente a sombra é construída desde a infância, moldada por padrões morais da sociedade.

Nós ocultamos dentro da nossa psique tudo que é rejeitado pelos padrões sociais e por nós mesmos, ou seja, o monstro escondido dentro de cada um, explica o portal Info Escola.

Como lidar com a própria sombra?

Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai faz há anos um longo trabalho de confrontar a própria sombra, rumo ao crescimento e evolução pessoal. “Se você ficar carregando a sua sombra você não vai conseguir viver a sua plenitude. A sombra tem que vir e te arrebentar, e aí você vai fazer com que exista uma revolução”.

Encontrar as nossas sombras exige um trabalho de autoconhecimento. É uma investigação pessoal que deve ser feita por cada um. Às vezes um acompanhamento terapêutico ajuda na descoberta. Podemos encontrar nossas sombras em medos, tristezas e dores. Geralmente situações que nos causam incômodo, raiva ou inveja podem revelar as nossas sombras.

Por exemplo, às vezes podemos ter aversão a pessoas bem-sucedidas porque, lá no fundo, não acreditamos que podemos ser bem-sucedidos. A beleza alheia pode nos incomodar porque não nos consideramos belos. Tememos a solidão porque não conseguimos ficar bem com nós mesmos, e por aí vai.

Tagawa garante que o primeiro passo para a evolução é aceitar a sombra, com tudo o que vem junto com ela. “Você tem essa sombra? Aceite. Diga: ‘tenho, poxa vida’. É duro olhar para ela. Às vezes pensamos ‘eu sou assim?’. É, você é isso.”

Depois, orienta, é importante trabalharmos essa sombra para que ela não nos prejudique no dia a dia. “O que eu vou tentar fazer? Tratar isso para gerar menos impacto nas pessoas que eu amo ou que me amam. Não é fácil, mas vale a pena”, assegura.

Meditação filtra as sombras

As práticas propostas pela Filosofia do Bonsai auxiliam, e muito, na identificação de sombras. Na meditação por exemplo, fazemos o trabalho de observar os próprios pensamentos. E eles dizem muita coisa sobre nós.

“Na minha meditação diária surgem várias sombras. Em vez de negá-las, como eu fiz por muito tempo, eu deixo elas virem, sinto o que está acontecendo e aí começo uma reflexão para tentar dar entendimento a essas sensações”, afirma Tagawa.

Autodesenvolvimento, Mente

Julgar e falar mal dos outros só prejudica a nós mesmos

4 de dezembro de 2017

Por Gabriela Gasparin

“O bom julgador por si se julga”, já diz o provérbio português. Todos sabemos que julgar é fácil, afinal, é uma forma de ressaltar defeitos alheios e evitar olhar para os nossos. Porém, tal prática só nos prejudica, pois reforça nossas fraquezas e nos impede de crescer e evoluir – fora o tempo que gastamos pensando na vida dos outros em vez de usá-lo para melhorar a nossa.

Por que julgar os outros faz mal?

Existe uma frase atribuída a Freud, criador da psicanálise, que diz: “Quando Pedro me fala de Paulo, sei mais de Pedro do que de Paulo”. Isso significa que falamos mal dos outros tendo como base nossas próprias crenças e pontos de vista. Afinal, se tal comportamento não nos dissesse respeito ou não revelasse algo sobre nós, não nos incomodaria.

“Se aquilo não tivesse nada a ver com as minhas dificuldades, não incomodaria, eu nem perceberia”, diz a psicoterapeuta cognitivista-comportamental Betania Marques Dutra, em reportagem publicada no Portal UOL.

De acordo com a Monja Coen, da tradição zen budista, o que nós fazemos, falamos e pensamos mexe na trama da existência. Segundo ela o karma, um dos conceitos budistas, significa que aquilo que fazemos de forma repetitiva vai causar tendências em nossa vida – o que acontece com nossos julgamentos e pensamentos.

Prendemos as pessoas em caixas fixas quando as julgamos, diz a Monja em vídeo disponível no YouTube. “A gente coloca as pessoas dentro de caixinhas: ‘aquela pessoa não presta, não gosto dela, ela é burra e estúpida’. E toda vez que vejo a pessoa, penso: ela é burra e estúpida. Eu não dou a oportunidade de pensar além da caixinha, eu a tranco lá dentro, a humilho (…) Isso é um vício, um karma que faz mal para a própria pessoa que assim sente.”

Julgar os outros nos faz mal porque, além de cultivarmos rancor, significa que temos uma visão congelada da realidade. Não percebemos que há a possibilidade de mudança, de crescimento e que nada é totalmente fixo. “As pessoas não são boas o tempo todo, nem más o tempo todo, nem burras o tempo todo, nem geniais o tempo todo”, ressalta a monja.

Meditar nos ajuda a julgar menos

O autoconhecimento é ação importante para quem deseja evoluir e julgar menos os demais. Quando nos conhecemos conseguimos identificar os próprios defeitos, o que nos dá a possibilidade de atuar sobre eles.

A meditação é importante ferramenta para isso. Por meio da prática conseguimos observar nossos hábitos de pensamentos, o que nos permite conhecer melhor quem somos. Que pensamentos temos que constroem a nossa realidade? O quanto eles moldam o que fazemos ou construímos? É isso que devemos avaliar diariamente.

Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai garante que quanto mais ele faz as práticas propostas pela filosofia, como meditação e exercícios de respiração, mais ele tem controle sobre as próprias atitudes, o que o faz julgar menos. “A maioria dos problemas que passam pela nossa cabeça não acontecem. Nosso maior vilão somos nós mesmo. A gente tem mais pensamento ruim do que bom. A grande diferença é você conseguir ter mais pensamento bom do que ruim no dia”, avalia.

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.

Alma, Meditação

Aprenda com a história do ‘homem mais feliz do mundo’

29 de novembro de 2017

Inúmeras pesquisas já comprovaram os benefícios da meditação para o cérebro. Em uma delas, o monge budista Matthieu Ricard foi considerado o “homem mais feliz do mundo”. Pesquisadores da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, identificaram nele a produção sem precedente de ondas cerebrais ligadas à capacidade de atenção, consciência, aprendizado e memória, além de uma redução da propensão à negatividade.

A história do ‘homem mais feliz do mundo’

Matthieu é um ex-cientista francês de 71 anos que abdicou da carreira como pesquisador para se tornar monge. Ele tinha 26 anos quando, após obter um Ph.D. em genética molecular no Instituto Pasteur, decidiu se concentrar na prática do Budismo Tibetano. Desde então, há mais de 50 anos estuda com grandes mestres da tradição e é tradutor de Dalai Lama para o francês.

As pesquisas no cérebro do monge foram iniciadas em 2008, na Universidade de Wisconsin. O neurocientista Richard Davidson conectou sensores no cérebro de Matthieu e, usando técnicas de ressonância magnética funcional, conseguiu demonstrar que alterações positivas significativas no comportamento cerebral podem ser ativadas através da meditação e outras “práticas contemplativas”.

Os resultados mostraram atividade elevada no segmento esquerdo do córtex pré-frontal do cérebro, se comparado ao direito. Quando o monge meditou, o cérebro dele produziu níveis de ondas gama ligadas à consciência, atenção, aprendizado e memória que nunca haviam sido relatados em estudos da neurociência. Além disso, foi comprovado que, por conta da meditação, ele tem capacidade incrivelmente anormal de sentir felicidade e uma propensão reduzida para a negatividade.

Dicas do monge para ser feliz

“Felicidade não é a busca infinita por uma série de experiências prazerosas. Isso é uma receita para a exaustão”, diz o monge tibetano, de acordo com artigo publicado no site britânico BBC. De acordo com Matthieu, “felicidade é um jeito de ser. É um estado mental ótimo, excepcionalmente saudável, que dá a você os recursos para lidar com os altos e baixos da vida.”

O monge dá cinco dicas para ser feliz, que estão disponíveis em vídeo no YouTube produzido pela GQ magazine:

  1. Não se preocupe com o que não tem solução: se há como resolver o problema, resolva. Caso não, relaxe e procure outras coisas para fazer.
  2. Felicidade exige treino: há muitas coisas boas a serem usufruídas na vida, como amor, atenção, liberdade e paz, mas elas não surgem do dia para a noite – precisam ser treinadas. É como aprender a tocar piano: não podemos fazer isso do dia para a noite, exige dedicação.
  3. Encontre sua paixão: saber o que te faz feliz é algo que você realmente deve perguntar a si mesmo. O que realmente importa para você? É como acender uma chama. Você tem que encontrar qual é a sua e fazer o que for necessário para alcançá-la.
  4. Felicidade para todos: o que faz mal para os outros não pode fazer bem para nós. Faça o seu melhor para praticar a compaixão. Procure se livrar de sentimentos ruins contra si e os outros e busque formas de compartilhar isso com os demais.
  5. Sirva: esteja a serviço da vida.

Ele faz isso compartilhando seus aprendizados como monge. Como você pode servir ao mundo?

Alma, Espiritualidade

Como praticar o desapego e impedir que as coisas possuam você

28 de novembro de 2017

“O desapego não significa que você não deva possuir nada, mas sim que nada deve possuir você”, diz sábia máxima atribuída a Ali Ibn abi Talib, primo, genro e sucessor de Maomé. Apesar de Ali ter vivido por volta do ano 600 d. C, a frase reflete uma preocupação bastante atual. Muito tem se falado sobre o desprendimento de bens materiais e até mesmo de crenças e ideias que nos prejudicam. Mas como conseguir praticar o desapego?

O apego está atrelado ao sofrimento

Muitas vezes imaginamos que ser desapegado é não possuir ou não querer ter nada. Contudo, o desapego está atrelado ao sofrimento causado pela posse – e não por ter as coisas em si. Ou seja, a pessoa desapegada tem as coisas, mas não sofre demasiadamente quando deixar de tê-las.

Podemos batalhar para comprar uma casa, conquistar um emprego melhor, ter um bom relacionamento ou um carro melhor. Contudo, não podemos condicionar as nossas vidas a essas posses ou circunstâncias.

“O desapego é quando você tem as coisas, elas passam por você, você passa por elas, mas com uma certa leveza”, sugere a Monja Coen, da tradição zen budista, em vídeo disponível no YouTube. “Você pode ter. Porém, ao mesmo tempo não está aprisionado pelas coisas materiais, nem mesmo emocionais e muito menos espirituais”.

A monja nos faz refletir que estamos apegados espiritualmente quando acreditamos que nossa crença e maneira de ser é a única possível e não compreendemos nada mais além disso. “Desapego significa estar aberto a realidade à qual você está vivendo”, completa.

‘O apego nos deixa ancorados’

Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, passou por uma experiência que o fez perceber o quanto o apego nos remete ao sofrimento. Ele perdeu sua avó, vítima de um assalto, num episódio muito triste em sua vida. Após a partida da avó, ele guardou a aliança dela como recordação.

Contudo, com o passar do tempo percebeu que estava apegado ao objeto, tendo a necessidade de tê-lo por perto e sempre à vista. Em determinado momento, fez um exercício de desapegar-se da aliança e, segundo ele, a sensação foi muito boa. “Fez bem. De alguma maneira ter a aliança fazia com que eu segurasse a minha avó. Aquela aliança era um apego. Era como se eu disse: ‘é meu, não mexe nisso que é da minha avó.”

Para Tagawa, o exercício com a aliança o ajudou a ser menos apegado às coisas. Com isso, o sofrimento vai embora junto, avalia, uma vez que deixamos de lado a sensação de posse, de precisar ter algo conosco. Uma vez desprendidos, ficamos livres e leves. A nossa felicidade não fica condicionada.

“Apegada é a pessoa que passa uma cola na mão, gruda uma coisa e não descola de jeito nenhum. Se eu perder isso, eu mato ou morro por isso, eu sofro”, sugere a Monja Coen.

Como não temos o controle sobre tudo o que acontece em nossas vidas, se um dia temos algo e amanhã podemos não ter mais, precisamos estar preparados para mudanças. “De repente, por inúmeras causas ou condições, você pode perder tudo. E você pode dizer: que triste, que pena. Por onde eu recomeço? E não por onde eu me mato ou por onde vou matar alguém”, diz a monja.

Autodesenvolvimento, Mente

Como desenvolver a habilidade de tomar decisões e fazer escolhas

24 de novembro de 2017

“Cada escolha é uma renúncia”, já diz o ditado popular. Se quisermos equilíbrio na vida, como propõe a Filosofia do Bonsai, precisamos ter em mente que não conseguimos ter tudo ao mesmo tempo. Saber tomar decisões e fazer escolhas é sinal de maturidade e sabedoria. Para ter essa clareza, é fundamental estar bem consigo mesmo e se conhecer.

De onde vem a dificuldade de tomar decisões

A vida é feita de escolhas. Tomamos decisões o tempo todo, da hora que acordamos até quando vamos dormir. Não tem como fugir: desde questões triviais como qual roupa usar pela manhã até assumir compromissos sérios, como um casamento, passa pelo nosso “sim” ou “não”.

Muitas dessas decisões são automáticas, pois sabemos que se ficarmos ponderando a todo momento o que fazer, não sairemos do lugar. Contudo, quando nos deparamos com uma situação nova, imprevista ou que vá causar muito impacto em nossas vidas, é comum ficarmos em dúvida. Nessas horas, o que fazer?

Quanto mais avaliamos os prós e contras das opções, mais ansiosos e paralisados ficamos. A indecisão causa ansiedade porque focamos nossos pensamentos em situações futuras que ainda não aconteceram.

Falta de maturidade e de autoconhecimento

Nessas horas, há dois fatores que nos atrapalham. O primeiro deles é a falta de maturidade em aceitar que não podemos ter tudo ao mesmo tempo. Saber disso ajuda, e muito, na tomada de decisões. Fica muito mais fácil abdicar de uma das alternativas quando simplesmente aceitamos que renúncias fazem parte da vida.

A segunda é a falta de autoconhecimento, de saber verdadeiramente qual alternativa é a melhor opção para você no seu momento atual. Muitas vezes esquecemos de prestar atenção no mais importante: como nos sentimos em relação a cada uma das possibilidades.

‘Decisões rápidas não são certas’

Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, afirma que como empreendedor precisa tomar decisões o tempo todo. No passado, ele não pensava muito antes de aceitar novos projetos – o resultado é que estava sempre acumulando trabalho e “apagando incêndios”.

A vida dele começou a melhorar quando entendeu que não tem como ter qualidade de vida e pegar muitos projetos ao mesmo tempo – a não ser que crie uma estrutura para dar conta da demanda maior. “Eu não acredito em milagres. São escolhas.”

A analogia com o próprio bonsai ajuda Tagawa em suas decisões. A miniárvore precisa de cuidados diários e específicos para crescer forte e robusta. Antes de adquirir um novo bonsai para seu jardim, sugere Tagawa, é importante a pessoa avaliar se será capaz de cuidar bem

dele. Afinal, de nada adianta ter vários vasos com as árvores mal cuidadas.

 “Decisões rápidas não são certas”, diz o filósofo Sófocles. Antes de tomar uma decisão, é importante ter em mente os cenários que cada uma delas vai proporcionar. Depois disso, avalie internamente, sinta o que é o melhor para seu momento atual da vida e renuncie à outra opção sem sofrimento.

Autodesenvolvimento, Mente

Por que a desilusão é uma bênção e nos faz crescer

21 de novembro de 2017

Por Gabriela Gasparin

Sofremos muito toda vez que passamos por uma desilusão, seja amorosa, profissional ou de amizades. Tendemos a achar que fomos enganados, traídos, desrespeitados – o que, de fato, pode até ser verdade. No momento da dor é difícil termos discernimento para compreender que a desilusão é, na verdade, uma bênção. Afinal, se antes estávamos iludidos, agora não estamos mais. É como diz a sábia frase de Chico Xavier: “a desilusão é a visita da verdade.”

Como lidar com uma desilusão

Acolher a verdade na hora que ela bate à nossa porta em formato de desilusão é a melhor coisa que podemos fazer para nós mesmos. Em vez de brigar com o escuro, você traz luz. Em vez de reagir a uma desilusão, você vê a desilusão mas, ao mesmo tempo, enxerga através dela, sugere o escritor Eckhart Tolle, no livro “O poder do agora” – bestseller que busca nos ajudar a combater o sofrimento ao viver o momento presente.

No dicionário da língua portuguesa, enganar é sinônimo de iludir. Ilusão, por sua vez, significa “engano dos sentidos ou da mente, que faz tomar uma coisa por outra”. É claro que dói perceber ou descobrir que estávamos iludidos, contudo, agradecer à nova fase, de encontro com a verdade, é um caminho que nos leva ao crescimento e evolução.

Redução das expectativas

O companheiro amoroso mostrou-se infiel e isso acabou com o relacionamento? Não é fácil encarar a realidade nua e crua, tal como ela se apresenta, contudo, seria preferível continuar em um relacionamento e ser enganado?

Por mais que a verdade seja dolorosa, encará-la e crescer com ela é a melhor forma de seguir em frente. Com certeza, após tal desilusão amorosa ficamos mais fortes para lidar com novos problemas e não sofremos tanto com eles. Outro benefício é que estaremos mais maduros para próximos relacionamentos.

Muitas vezes criamos expectativas com relação a situações, fantasiamos sobre elas e não percebemos que isso nos distancia da realidade – daí surgem as desilusões. Uma boa ferramenta para isso é esperar menos dos outros e de situações e depositar a nossa felicidade naquilo que nós mesmos podemos nos proporcionar.

Podemos ter sonhos e objetivos, é claro que sim, eles nos norteiam e dão sentido à nossa vida, mas devemos construí-los sem “as expectativas ilusórias de que uma coisa ou alguém no futuro irá nos salvar ou nos fazer felizes”. Nós mesmos é que somos os únicos responsáveis pela nossa felicidade.

‘Desilusionismo’

O processo de enxergar a realidade assim como ela é ocorre por meio do distanciamento da situação. Em vídeo no Youtube, a Monja Coen, monja zen budista, cita um conceito defendido pelo professor Hermógenes, um dos pioneiros do yoga no Brasil, ao falar de uma nova religião chamada “desilusionismo”, que é: “cada vez que temos uma desilusão estamos mais perto da verdade, por isso agradecemos.”

A monja cita que provavelmente quando sofremos uma desilusão isso significa que não estávamos em plena atenção. Mas isso não é motivo para ficarmos com raiva de nós ou do outro. “Nada é fixo. Nada é permanente”, salienta.

É disseminada a frase de Buda que diz: “há somente uma lei que nunca muda no Universo – é a de que todas as coisas mudam, todas as coisas são impermanentes”. Ao aceitarmos que tudo muda, que nada é para sempre, ficamos livres para deixar a situação da ilusão ir embora e abraçar o novo que está por vir.

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.

Atividade Física, Corpo

Por que vencer a preguiça e começar agora mesmo a se exercitar

17 de novembro de 2017

Todos sabemos que a prática regular de exercícios físicos faz bem para o corpo e para a mente. Além de fazer bem para a saúde e proporcionar bem-estar físico por conta da liberação de hormônios, como as endorfinas, a atividade física também nos mantém mais seguros, confiantes e eleva a nossa autoestima. Com tantos benefícios, é importante termos disciplina e força de vontade para dar o primeiro passo e começarmos agora a fazer bem para nós mesmos.

Como começar a nos exercitar?

São inúmeras as desculpas que damos para nós mesmos para evitar fazer atividades físicas regularmente: falta de tempo, de dinheiro, preguiça, cansaço, dores ou indisposição física. Contudo, os benefícios da prática são tantos que é crucial deixarmos esses “poréns” de lado e começarmos agora mesmo a nos exercitar.

Quando começamos, os reflexos positivos da prática causam efeitos positivos momentâneos, e é neles que devemos pensar na hora que as desculpas aparecerem. Pode ser uma caminhada de meia hora, três vezes por semana, fazer alongamentos diários, como o Rádio Taissô ou até mesmo alternar os exercícios físicos enquanto prepara o café da manhã, como faz Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai.

Os benefícios da atividade física

Além dos já conhecidos benefícios à saúde física, como benefícios cardiovasculares, atividades físicas trazem aprimoramentos psicológicos e de bem-estar mental, estando relacionadas ao aumento da elevação de autoestima, de acordo com a Sociedade Internacional de Psicologia do Esporte. Segundo a entidade, estudos apontam que atividades aeróbicas podem reduzir ansiedade, depressão, tensão e estresse.

De acordo com a Cardiomed Saúde, os hormônios mais conhecidos e liberados ao praticar exercícios são as endorfinas. “Elas são substâncias bioquímicas analgésicas, ou seja, um analgésico natural, que tem a sua produção no nosso corpo potencializada com as atividades físicas” diz a empresa especializada em saúde, em seu blog.

A endorfina ajuda a aliviar a dor e ainda regula as nossas emoções. Ao ser liberada, traz relaxamento para corpo inteiro, dando a sensação de prazer e bem-estar. “A liberação de endorfina é ótima principalmente para quem está em tratamento de depressões leves, ou que está muito sobrecarregado com as rotinas de trabalho. Isso porque ela ajuda a reduzir a ansiedade e o estresse, aliviando as tensões do dia a dia”, salienta.

Aumento da autoestima

 Quando nos exercitamos com regularidade, nos sentimos ativos e capazes. Tais sentimentos, somados aos resultados corporais que a prática proporciona, eleva a nossa autoestima.

“Os estudos mostram que, de acordo com o tempo que você treina, os exercícios podem melhorar sua imagem corporal, melhorando sua autoestima”, diz o especialista em avaliação física, biomecânica e prescrição do exercício Leon Freitas Jannucci, em artigo em seu site.

De acordo com Jannucci, fisiologicamente falando, os exercícios promovem uma alteração nas liberações dos hormônios. “Os exercícios físicos, tanto de força como os aeróbios, liberam hormônios e neurotransmissores como a dopamina, opióides endógenos e endorfina que estão ligados a sensações de prazer”. Tudo isso além da sensação de sucesso que se tem após um treino bem feito.

Alimentação, Corpo

A ‘dieta da vovó’: uma alimentação saudável não custa caro

10 de novembro de 2017

Arroz, feijão, filé de frango, legumes e salada. Com itens de fácil acesso para o brasileiro, é possível montar um prato equilibrado e saudável sem gastar muito. Diferentemente do que podemos imaginar, alimenta-se de forma saudável não custa caro. O difícil mesmo é se planejar para preparar as refeições com antecedência e acostumar o paladar a fazer, digamos, a “dieta da vovó”: ou seja, eliminar ao máximo produtos industrializados e lembrar de incluir frutas, legumes e verduras no cardápio.

Como se acostumar com a ‘dieta da vovó’

Especialistas em nutrição defendem que devemos nos espelhar nos nossos avós na hora de comer, ou seja, tirar o máximo de produtos industrializados possível. Existe até um livro publicado sobre o assunto chamado “Prato Sujo – como a indústria manipula os alimentos para viciar você”, escrito pela jornalista Marcia Kedouko.

De acordo com Márcia, a indústria da comida se aproveita de fraqueza neurológica para tornar os produtos cada vez mais irresistíveis, com doses cavalares de aditivos como açúcar e sal que prejudicam – e muito – a nossa saúde.

“Começou com um docinho depois do almoço. Depois, era batata frita a semana toda. Essa é a história de um cérebro viciado e prostituído: ele sabe que salada é mais digna para a saúde, mas gosta mesmo é de açúcar, sal, gordura, farinha refinada – substâncias que dão tanto prazer quanto sexo, com um poder viciante comparável ao de drogas como a cocaína.”

Mudança radical

Na Filosofia do Bonsai, o cuidado com a alimentação é visto como essencial para ter uma vida equilibrada. Alexandre Tagawa, idealizador da filosofia, só teve esse “start” após ser diagnosticado com uma séria doença no esôfago que o obrigou a mudar radicalmente a alimentação.

De dez expressos por dia, exageros na churrascaria e no chopp e consumo de embutidos, ele passou a alimentar-se de forma planejada e saudável. Vai à feira toda semana, investe na variedade de frutas, legumes e verduras e reduziu ao máximo açúcar e farinha refinados do cardápio. Reduziu as porções de carne e eliminou embutidos.

“Eu não bebia com muita frequência, mas quando eu ia beber eu não me controlava. Tomava dez cafés expressos por dia, colocava limão em tudo, comia açúcar em uma quantidade razoável. Eu olhava para um ponto ou outro e achava que estava 100%, mas não estava. Tanto que meu colesterol estava alto, meu nível de triglicérides estava alto. O meu corpo estava falando”, relembra.

Comer bem não custa caro

Às vezes vamos ao supermercado e ficamos assustados com o preço de itens cujas embalagens vêm com dizeres: natural, integral e orgânico. Contudo, nem todos nós temos condição financeira de colocar apenas esses produtos no carrinho. É por isso que se espelhar na ‘dieta da vovó’ pode nos ajudar.

A sugestão é ir mais à feira, comprar alimentos naturais e preparar as refeições em casa, sempre tomando cuidado ao exagerar no sal, açúcar e óleo. Além disso, é importante eliminar ou reduzir embutidos, temperos prontos, congelados, frituras e alimentos gordurosos.

“Com força de vontade você consegue vencer alguns paradigmas da sua cabeça. Antes eu pensava: como é que eu vou viver sem dez expressos por dia? Como é que eu vou viver sem comer 10 pedaços de picanha? E você vê que consegue, tudo é o poder do hábito”, defende Tagawa.