Autodesenvolvimento, Mente

Como aceitar o sofrimento e agradecer ao bem que ele pode proporcionar

21 de julho de 2017

Por Gabriela Gasparin

“O sofrimento lapida a alma”, diz um provérbio chinês. “Quem não quer sofrer, nasce morto”, sentencia outro ditado popular. A sabedoria dessas frases nos leva a concluir: o sofrimento não só faz parte da vida, como nos ajuda a evoluir. Apesar de ninguém gostar de sofrer, se tivermos consciência de que a fase difícil nos leva a uma evolução ou aprendizado, será menos penoso enfrentá-la. Aceitar a dor às vezes é o melhor que podemos fazer para, no futuro, entendermos por que ela veio.

É possível aceitar o sofrimento?

No bestseller “O poder do agora” o escritor alemão Eckhart Tolle diz que a resistência ao sofrimento apenas o intensifica. Ele nos chama a atenção para a sabedoria contida nas artes marciais: “não ofereça resistência à força opositora, submeta-se para superá-la”, sugere.

A resistência perante o sofrimento acontece quando fazemos de tudo – em ações e pensamentos – para que ele não exista, em vez de aceitá-lo. Em seu livro, Tolle sugere que o mais sensato a fazer diante uma situação difícil é perguntar-se: “existe alguma coisa que eu possa fazer para mudar a situação, melhorá-la ou me tirar dela?”

Se houver, ele recomenda que tomemos a atitude adequada. Contudo, caso não haja o que fazer nem como escapar da situação, devemos usar isso para irmos mais fundo no nosso “ser”, na nossa “entrega à vida”, no “agora”. Tolle defende que “a mudança sempre acontece por caminhos estranhos, sem a necessidade de uma grande quantidade de atitudes da sua parte”.

Paciência para esperar a dor passar

Em entrevista amplamente disseminada nas redes sociais, a filósofa Viviane Mosé sugeriu atitude semelhante à proposta por Eckhart Tolle. Disse Mosé: “o sofrimento nos move. Eu não tenho que buscar o sofrimento, mas eu não tenho que achar que devo acabar com o sofrimento. Não sou eu que tenho que acabar com o sofrimento, ele acaba por ele.”

Sabemos que é muito difícil pensar de tal maneira na hora que a dor chega. Queremos fazer de tudo para que ela vá embora o mais rápido possível. Contudo, conforme vamos aceitando e deixando a maré baixar, é comum entendermos o motivo de seu surgimento nas nossas vidas, não é verdade?

Há males que vêm para o bem

Há situações ruins, inclusive, em que não só aprendemos com elas como depois agradecemos sua chegada, pois percebemos o quanto evoluímos ou conseguimos encontrar formas de superá-la. Afinal, como diz um terceiro ditado: “há males que vêm para o bem”.

Um exemplo disso é quando somos demitidos e, após passar por apuros para encontrar outra fonte de renda, percebemos que éramos capazes de fazer muito melhor. Ou em términos de relacionamentos: é comum percebermos que havíamos deixado de lado muitos gostos pessoais e, após o fim de um namoro ou casamento, nos “reencontrarmos com quem éramos antes”.

A filósofa Viviane Mosé sugere que todo sofrimento tem um processo de maturação no corpo, que se elabora e depois termina. O problema, segundo ela, é que não queremos dar o tempo do sofrimento no corpo. “Uma das razões do sofrimento é o rompimento da alma para ela se tornar maior. E quando a alma se torna maior, nela cabe mais mundo, ela permite mais contradição. Então uma pessoa amadurece quando ela lida melhor com o sofrimento”, opina.

Agradecer ao sofrimento

Mosé explica que quando um sofrimento chega na vida dela, costuma se perguntar: “Que aspecto da minha alma precisa crescer e se transformar?” A intenção é “conversar com o sofrimento” e entendê-lo. “Eu agradeço a cada um dos meus sofrimentos. Eu não abro mão de nenhum deles.”

Na mesma direção, Tolle sugere: “torne-se um alquimista. Transforme o metal em ouro, o sofrimento em consciência, a infelicidade em iluminação.”

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.

You Might Also Like

No Comments

Leave a Reply

Quero receber notificações: