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Alma, Propósito

Ter uma vida plena, feliz e equilibrada exige responsabilidade

25 de outubro de 2017

Por Gabriela Gasparin

Ter uma vida plena, satisfatória e com harmonia exige responsabilidade. Assim como uma casa precisa de faxina rotineiramente para que tudo fique limpo e em ordem, a nossa existência também necessita de atenção para atingir sua plenitude. Afinal, se buscamos a felicidade e o equilíbrio, precisamos agir para que isso aconteça.

Como ter uma vida plena

“Há momentos em que é preciso escolher entre viver a sua própria vida plenamente, inteiramente, completamente, ou assumir a existência degradante, ignóbil e falsa que o mundo, na sua hipocrisia, nos impõe”, disse o escritor inglês Oscar Wilde.

Mas o que o é ser pleno? De acordo com o dicionário da língua portuguesa, pleno significa “cheio, repleto, completo, absoluto, perfeito, acabado”. A plenitude é a qualidade, o estado pleno.

Se queremos viver a vida com integridade, como sugere Oscar Wilde, precisamos assumir responsabilidade sobre nossas escolhas. Não é do dia para a noite que acordamos com tudo organizado e felizes com a rotina que levamos. Necessariamente precisamos assumir compromisso com nós mesmos em busca da vida que queremos ter.

Se ter uma vida plena significa estar completo, a pergunta que devemos fazer para nós mesmos diariamente é: o que me deixa inteiro? Do que preciso “encher” a minha vida para que eu seja mais feliz, mais íntegro?

Da mesma forma, é importante questionarmos o que nos deixa “vazios”. Quais são as ações, momentos e situações que nos afastam da sensação de plenitude? É a partir dessa consciência que conseguimos nos organizar para ter uma existência mais feliz e significativa.

Assim como sugere Oscar Wilde, somos nós que fazemos essa escolha. Caso contrário, assumimos a “existência degradante que o mundo nos impõe”.

‘Tudo está na questão da consciência’

A Filosofia do Bonsai, por exemplo, é a forma que o empresário Alexandre Tagawa encontrou para assumir responsabilidade sobre a própria vida, encontrando o equilíbrio.

Tudo está na questão da consciência. Quando aparece uma situação na minha vida que pode me levar para um caminho que eu não quero ir, eu já consigo me questionar na hora e mudar de direção”, afirma. De acordo com ele, práticas como meditação, alimentação saudável, exercícios físicos e rituais diários ajudam a manter esse equilíbrio e discernimento.

Por isso, assumir a responsabilidade sobre os atos é fundamental. A partir do momento que temos consciência do que estamos fazendo, não podemos mais justificar dizendo “ah, foi sem querer”, defende Tagawa. “Você sabe que não é. Porque quando você está presente, na terra, firme na sua totalidade, você não pode dizer que não sabe o que está fazendo.”

Estar consciente nos dá condições de tomar a decisão correta. Afinal, estar compromissado consigo mesmo não impede que os pensamentos ruins e tentações apareçam. O que muda é nossa atitude diante delas.

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.

Alimentação, Corpo

Os benefícios de tomar água de coco, pequeno hábito que pode melhorar seu dia

23 de outubro de 2017

Desde que descobriu ter um problema de saúde no esôfago em 2016 – o que o levou a fazer uma cirurgia – o empresário Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai redobrou os cuidados com a alimentação. Em suas pesquisas, aprendeu sobre os benefícios da água de coco para o organismo e não teve dúvidas: incluiu o consumo da bebida no seu dia a dia. Pode parecer uma ação simples, mas é em pequenos hábitos como esse que podemos melhorar a nossa saúde e nos sentirmos mais equilibrados, garante.

“O alto nível de saudabilidade da água de coco coloca nossos sais minerais em equilíbrio. É uma das frutas que mais têm propriedades curativas para o organismo”, afirma.

Benefícios da água de coco

 A água de coco é considerada por especialistas como um isotônico natural. “A água de coco é melhor do que os isotônicos que os atletas ficam tomando. Ela tem equilíbrio eletrolítico, ou seja, tem boa mistura, bons minerais e boas propriedades de nutrientes para o corpo”, afirma o médico Juliano Pimentel, que é celíaco, estudioso em alimentação saudável sem glúten e divulga vídeos informativos em seu canal no YouTube.

Segundo o especialista, a bebida é rica em minerais como magnésio, potássio, cálcio e fósforo. Ela facilita o aumento do colesterol bom e redução do ruim, promove o fortalecimento do coração e ajuda o rim a funcionar corretamente por conta dos minerais. Além disso, tomar água de coco também ajuda na prevenção de infecções, já que regula o crescimento das bactérias ruins e boas e melhora o sistema imunológico constantemente, garante o especialista.

Soro natural

 Uma das mais conhecidas qualidades da água de coco é sua atuação como soro fisiológico natural, prevenindo casos de diarreia com risco de desidratação. De acordo com a empresa Natue, que comercializa o produto, isso ocorre pela bebida possuir composição semelhante ao plasma sanguíneo.

Além do benefício de hidratar e detoxificar, o médico Pimentel lista inúmeras outras contribuições da bebida, inclusive para a saúde mental: ela ajuda a ficar menos cansado e a controlar o estresse; por conta de tudo isso, colabora ainda para uma maior tolerância para lidar com o nervosismos.

A bebida também é vantajosa para quem está buscando uma alimentação menos calórica, já que não apresenta grande quantidade de calorias (22 para cada 100 ml), segundo a Natue.

Hipertensos e diabéticos, contudo, não devem consumir água de coco em excesso, pois o líquido contém muito sódio e carboidrato, diz a Natue. O médico Pimentel também salienta que pessoas com problemas renais crônicos precisam tomar cuidado.

 Coco na feira

 Por conta de todos esses benefícios é que Tagawa inseriu o alimento no seu dia a dia. Ele inclusive encontrou uma feira livre perto da casa dele onde consegue comprar o coco a R$ 2 ou R$ 2,50. “Compro o coco fechado. Sei quando o coco está mais verde ou mais maduro”, ressalta. Ele diz que não ingere o líquido em excesso, tomando um por dia.

De acordo com a Natue, na hora de comprar a fruta, devemos prestar atenção para não escolher aquelas com casca trincada e manchas marrons. Após aberto o coco, deve-se consumir o líquido imediatamente.

Autodesenvolvimento, Mente

A importância das verdadeiras amizades

20 de outubro de 2017

Cultivar boas amizades é fundamental para ter uma vida feliz. Porém, é comum perdermos o controle sobre a influência dos amigos no nosso dia a dia, pecando pela falta ou excesso. Assim como em todos os âmbitos da nossa existência, o equilíbrio nas relações sociais é importante para nosso bem-estar. Afinal, como diz a disseminada máxima atribuída ao filósofo Aristóteles: “ter muitos amigos é não ter nenhum”.

É preciso ter muitos amigos?

Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, faz um paralelo com o bonsai ao falar de amizades. Isso porque ter um bonsai exige atenção e cuidado. Se optar por ter vários, o dono precisa saber que será necessário dedicar mais tempo a cada um, abdicando de outros afazeres. “Não adianta a gente ter milhares de amigos, porque no fim a gente não tem condições de cuidar de nenhum direito”, defende.

Tagawa afirma que no passado já tentou ter muitos amigos, mas percebeu que era muito difícil estar presente e dar atenção a todos. O que acontecia é que ele confirmava presença em encontros, mas na hora não comparecia. Com isso, muitos amigos ficavam chateados com ele.

“Descobri que não consigo fazer tudo aquilo que eu gostaria. Então, em vez de eu ficar dividindo energia, decidi que é melhor eu concentrá-la em alguns lugares. Hoje, se alguém me pergunta: ‘você tem um monte de amigos?’ Eu respondo: ‘não. São poucos amigos que eu consigo manter aceso”. E acrescenta: “quem tudo quer, nada tem. Quem quer abraçar o mundo, não abraça ninguém”.

Ninguém tem multidão de amigos

É disseminada a sabedoria de que não somos capazes de cultivar muitas amizades. Além da citação de Aristóteles no começo deste texto, muitos pensadores discorreram sobre o assunto. O poeta inglês Samuel Taylor Coleridge, disse: “quem se vangloria de ter conquistado uma multidão de amigos nunca teve um”.

O filósofo grego Epicuro também falou bastante sobre a importância das amizades na nossa vida, explicou o psicólogo e escritor Ilan Brenman em coluna na rádio CBN. De acordo com Brenman, é de Epicuro a seguinte frase: “de todas as coisas que nos oferece a sabedoria para a felicidade de toda a vida, a maior é a aquisição da amizade”.

O pensador também afirmou: “antes de comer ou beber qualquer coisa, pondere com mais atenção sobre com quem comer e beber do que sobre a comida e bebida, pois alimentar-se sem a companhia de um amigo é o mesmo que viver como um leão ou um lobo.”

Quem tem amigo verdadeiro é mais feliz

Segundo o psicólogo Brenman, pesquisas mostram que pessoas que têm amigos reais e verdadeiros são mais satisfeitos e felizes. O estudioso pondera que de fato não dá para ter muitos amigos. “Aqueles que podemos contar para toda hora são dez no máximo, talvez um pouco mais, mas não passa disso.”

Tagawa tem o mesmo ponto de vista e revela que hoje consegue conta na palma da mão a quantidade de amigos que consegue estar próximo e manter uma relação saudável e de confiança.

Ele até organizou uma rotina na vida para inserir as amizades, como jogar bola com eles durante a semana ou convidar para um encontro com a família de 15 em 15 dias. “Então, acho que o grande aprendizado é assim: como você não pode ter tudo na vida, faça umas escolhas, e para as escolhas que você fizer, faça bem feito”, sugere Tagawa.

Mente, Vida Profissional

Aprender fazendo é a melhor forma de sair da inércia e realizar objetivos

18 de outubro de 2017

“Estou sempre fazendo aquilo que não sou capaz numa tentativa de aprender como fazê-lo”, disse Picasso. Quantas vezes ficamos paralisados, sem sair do lugar, porque achamos que não sabemos fazer alguma coisa? Aprender fazendo, “colocando a mão na massa”, é a melhor forma de sair da inércia e caminhar rumo à realização de sonhos e objetivos.

Como aprender fazendo

A vida profissional do empresário Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, resume-se a aprender fazendo. O publicitário primeiro ingressou no ramo para só depois fazer faculdade na área – porém, nada ocorreu de forma planejada.

Tagawa, que hoje é dono de uma agência de publicidade, começou a fazer os primeiros panfletos após receber o pedido inesperado de um cliente. Ele trabalhava com produção de fotos quando uma das empresas para a qual prestava serviço perguntou se ele poderia produzir um panfleto. Sem ter a menor ideia de como fazer tal produção, respondeu positivamente.

“Primeiro eu falo ‘sim’ para depois pensar como eu vou fazer. Em alguns momentos os resultados foram bons, em outros, ruins. Mas avalio que durante a minha vida essa postura me ajudou muito mais do que me prejudicou”, observa.

Nesse caso em que recebeu o pedido para fazer panfletos de divulgação, o empreendedor conta que precisou “se virar”: foi atrás de profissionais que sabiam executar o serviço e adquiriu os equipamentos necessários – no caso, parcelou um antigo computador da Mac, o “Macintosh,” em 36 vezes, o que ocorreu há cerca de 20 anos.

“Ficou horrível o folheto, mas aí o cara falou: a partir de hoje você é minha agência. Ele na verdade não gostou do folheto, mas como eu tinha me esforçado para entregar, ele me deu a chance”, explica.

Maturidade para aceitar um desafio

Com o passar do tempo, Tagawa afirma que adquiriu maturidade para refletir antes de aceitar um pedido, já que nem sempre responder sim para tudo pode ser uma boa ideia. São incontáveis as experiências em sua vida de aceitar uma proposta ou entrar em uma sociedade e só depois descobrir como colocar a ideia em prática. Por conta disso, já recebeu até pedido de falência da empresa no passado.

“Ser assim, por um lado, sempre me ajudou muito. Eu não tinha receio. De alguma maneira as coisas que aconteciam ao meu redor me ajudavam e tudo dava certo no final, mas muitas vezes eu fui despreparado.”

Equilíbrio e uma dose de risco

O empresário acredita que as práticas da Filosofia do Bonsai, como buscar o autodesenvolvimento, praticar meditação e exercícios de respiração hoje o ajudam a ficar centrado e a evitar aceitar propostas por impulso, por exemplo. Apesar disso, garante que prefere arrepender-se do que fez do que daquilo que não fez.

Para ele, arriscar-se é fundamental. “Mesmo quando deu errado, no final deu certo, porque me gerou muito aprendizado. Eu só tive oportunidades porque fiz movimentos.”

E Tagawa não é o único a pensar dessa forma, seguem outras frases de célebres personalidades que nos inspiram a aprender fazendo:

“É fazendo que se aprende a fazer aquilo que se deve aprender a fazer” – Aristóteles.

“Deve-se aprender fazendo a coisa; pelo pensamento você acha que sabe. Você não tem certeza, até que você tente” – Sófocles.

“Tudo sempre parece impossível até que seja feito” – Nelson Mandela.

Alma, Propósito

‘Eu não sou o que me acontece, eu sou o que escolho me transformar’

16 de outubro de 2017

Por Gabriela Gasparin

“Eu não sou o que me acontece, eu sou o que escolho me transformar”, disse o psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung, fundador da escola da Psicologia Analítica. Há uma linha de pensamentos que, assim como esse, refletem sobre a importância de agirmos com consciência a fim de nos tornarmos o que desejamos ser.

Ter consciência da nossa responsabilidade sobre o que acontece na nossa vida é fator importante rumo à realização de sonhos e desejos. Muitas vezes colocamos a culpa por o que nos acontece no trabalho, no parceiro, na família e no governo, mas esquecemos que diariamente temos a possibilidade de mudar de rota. Em reflexão complementar à frase citada acima, Jung disse: “até você se tornar consciente, o inconsciente irá dirigir sua vida e você irá chamá-lo de destino”.

Mas o que seria agir de forma consciente?

Existem diversos significados dados para a palavra consciência nos campos da psicologia e filosofia. De uma forma resumida, podemos dizer que é uma percepção que temos sobre o que se passa com nós mesmos, na intimidade. Trata-se do sentimento, a faculdade, o conhecimento que nos permitem compreender aspectos no nosso mundo interior, vivenciá-los e experimentá-los.

Negligenciamos nossa consciência quando agimos de forma automática, sem pensar, sem sentir ou refletir. Por outro lado, atuar de forma consciente é trazer para nós as responsabilidades sobre os nossos atos e agir diariamente sobre eles. “Quando um ato é verdadeiro para a natureza de alguém, provavelmente resultará em resultados verdadeiros no campo da ação”, diz o escritor Parker J. Palmer no livro Vida Ativa.

“O que é necessário para mudar uma pessoa é mudar sua consciência de si mesma”, afirmou o psicólogo Abraham Maslow. E acrescentou: “para quem só sabe usar o martelo, todo problema é um prego”.

Ou seja, quantas vezes estamos infelizes com alguma situação, mas seguimos vivendo nela, sem fazer absolutamente nada para mudar? Isso é não dar ouvidos para a consciência. Um exemplo é seguir em um relacionamento, emprego ou amizade mesmo sabendo internamente que tal situação nos faz mal.

Às vezes não conseguimos mudar de imediato. Nesse caso, agir com consciência é ser maduro para compreender: tal situação ocorre, não tenho como mudá-la, vou mudar então a forma que lido com ela. “A verdade é sempre preferível à ilusão”, ressalta Palmer.

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.

Alma, Propósito

Nunca está satisfeito com a vida? Tenha controle sobre seus desejos

11 de outubro de 2017

Por Gabriela Gasparin

“Nada é bastante para o homem para quem tudo é demasiado pouco”, disse o filósofo grego Epicuro, nascido em 341 a.C., cujos pensamentos são considerados bastante atuais nos dias de hoje. O pensador nos estimula a refletir sobre nossa a desenfreada busca por satisfazer desejos “insaciáveis”. Afinal, é importante estarmos conscientes do que desejamos e quais prazeres buscamos saciar.

Quais são os seus desejos?

Epicuro, de certa forma, faz uma apologia à uma vida sem excessos. Afirma em sua filosofia que alcançamos a felicidade ao controlar os nossos desejos – ou seja, desejando as coisas de forma moderada. Por meio da saúde do corpo e a serenidade do espírito, podemos encontrar a tranquilidade e a felicidade, garante. Do contrário, atraímos perturbações e a infelicidade.

Para Epicuro, há três tipos de desejo: “os naturais e necessários”, que suprem necessidades básicas, como alimentar-se e dormir (sem as quais, morremos); “os desejos naturais e não necessários”, como o sexo, gula, excesso de sono e embriaguez, por exemplo. E os “não naturais e não necessários”: como glória, sucesso, luxo, riqueza, etc, vistos como “vazios” pelo pensador.

Tudo o que desejamos deve ser satisfeito?

Os tipos de desejo elencados por Epicuro podem nos ajudar a refletir sobre o que queremos e por quê. Muitas vezes buscamos sanar prazeres para preencher algo que nada tem a ver com sanar uma necessidade do nosso corpo. Quantas vezes recorremos à comida em excesso, ao consumo, à fama ou ao poder apenas para suprir uma ansiedade ou sentimento de tristeza?

Segundo o filósofo, devemos buscar a satisfação dos desejos “naturais e necessários” com comedimento – afinal, comer e beber demais com frequência pode nos causar mal estar e nos afastar da felicidade. Com relação ao segundo grupo, podemos satisfazê-lo, mas pode fazer mal ao nosso espírito se buscados em excesso.

Contudo, é com relação ao terceiro grupo de desejos que podemos refletir: de fato precisamos saciá-los? No livro “A vida que vale a pena ser vivida”, os autores Clóvis de Barros Filho e Arthut Meucci explicam que a satisfação dos desejos “não naturais e não necessários” é repudiada por Epicuro. “Todos esses desejos, se realizados, nada agregam ao bem-estar, não prolongam a vida e não trazem tranquilidade para o corpo e para a alma”, defendem.

Outra reflexão que os autores levantam é o quanto buscamos no consumo uma nova posição ou identificação. “Quase todas são artificiais e, portanto, não necessárias. Assim, teremos mais posses, mais coisas do que nos vangloriar, mas continuaremos tristes.”

Desejamos para suprir o sofrimento

 Os prazeres têm muito a ver com o sofrimento: afinal, bebemos água para aplacar a sede, dormirmos para descansar, procuramos uma casa não só por proteção, mas também conforto. Até mesmo a busca pela beleza pode ser sadia – uma vez que o belo alegra nossos olhos e alma.

Não devemos eliminar os desejos, mas refletir a origem deles e qual dor buscar sanar. “Posso perceber meus desejos por qualquer coisa ou pessoa. Posso desejar ter um templo, por exemplo. Posso desejar me alimentar melhor. Posso desejar alcançar a iluminação suprema. Posso desejar consumir de forma responsável”, afirma a monja zen budista conhecida como Monja Coen, em sua página na internet.

Diferente é o apego, diz: “apego é como se passasse melado, cola na mão. Ficamos grudados, limitados, causamos sofrimento e sofremos. Livrar-se dos apegos é estar satisfeita, satisfeito com a realidade tal qual é”.

Avaliar os desejos é justamente importante ferramenta para conseguir realizar aqueles que de fato nos levam à felicidade – em vez de proporcionar apenas satisfação momentânea e, no futuro, resultam em culpa e mais mal estar. Talvez nos tempos de hoje Epicuro pudesse nos aconselhar com um “deseje com moderação.”

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.

Filosofia, Mente

Por que insistimos em dar murro em ponta de faca?

9 de outubro de 2017

Você já se pegou dando murro em ponta de faca? Ou seja, repetindo erros e situações que só aumentam o seu sofrimento sobre determinada questão? É comum a gente se colocar em situações como essa. Porém, às vezes simplesmente não conseguimos lutar contra a água que passa debaixo da ponte. Se a situação não muda, cabe a nós mudarmos nossa atitude perante ela.

O que é dar murro em ponta de faca?

A expressão é usada para descrever situações em que empregamos muito esforço em vão, de forma repetitiva. Por exemplo: gastar muito tempo e energia em um projeto e, por mais que os resultados esperados não apareçam, insistir em continuar nele; buscar convencer um teimoso a mudar de ideia; cansar de tentar resolver um problema que parece não ter solução.

Quando damos murro em ponta de faca, gastamos uma energia em determinada situação que poderia ser canalizada para outras coisas. Nessas horas, precisamos ter sabedoria para identificar o que em nós provoca a necessidade de insistir no erro.

Deixe a água passar debaixo da ponte

“Tem muitas vezes que você não consegue lutar contra a água que vai passar debaixo da ponte. Há situações que são muito mais fortes do que você”, avalia o empresário Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai. De acordo com ele, em vez de ficar despendendo uma energia que nos desgasta, o ideal é focar naquilo que podemos resolver.

“Não adianta você dar murro em ponta de faca”, sugere. Segundo Tagawa, muitas vezes acabamos com a nossa saúde ao insistir em resolver problemas que estão fora do nosso controle.

Para isso, é preciso perceber: estou lutando contra algo que não tem solução, que é maior do que eu ou que simplesmente não posso mudar? “A percepção é o mais importante. Tem coisas que são incontroláveis e não cabe a você decidir”, avalia.

Tagawa revela que já cansou de dar murro em ponta de faca com relação à família, por exemplo. Era comum ele ter discussões com familiares, insistindo em tentar alterar comportamentos que não mudariam. O melhor que fez foi sair da situação em vez de esperar que a situação em si mude. Ele decidiu focar naquilo que conseguia cuidar e resolver, largando mão do que não era possível transformar.

Não resistir é importante

Aceitar, ao invés de resistir a um problema, é uma atitude que nos ajuda a para de insistir em situações que nos fazem mal. É importante olhar em volta, analisar a situação e pensar em quais as ações tomar, aconselha Tagawa.

No bestseller “O poder do agora” o escritor alemão Eckhart Tolle diz que a resistência ao sofrimento apenas o intensifica. Ele nos chama a atenção para a sabedoria contida nas artes marciais: “não ofereça resistência à força opositora, submeta-se para superá-la”, sugere.

Autodesenvolvimento, Mente

‘Tá ruim, mas tá bom’: a desculpa que nos impede de sair da zona de conforto

6 de outubro de 2017

“Tá ruim, mas tá bom” é uma crença comum que muitos de nós temos. Geralmente ela serve como desculpa para nos manter estagnados e nos impede de sair da zona de conforto. Quando isso acontece, precisamos analisar a situação e enxergá-la de outra perspectiva. Se o que está ruim pesa mais do que aquilo que está bom, algo precisa ser feito.

Como sair da zona de conforto

A zona de conforto é um cenário de acomodação em nossas vidas, que pode ocorrer tanto no âmbito pessoal como profissional. Nos encontramos em tal situação quando apenas repetimos hábitos, pensamentos e comportamentos por costume, sem refletir se aquilo é necessariamente o que precisamos, devemos ou queremos fazer de nossas vidas.

O pensamento “está ruim, mas está bom” caracteriza tal cenário. Afinal, pode até ser confortável acordar todos os dias para ir a um emprego estável e rotineiro – esse é o lado bom. O ruim é quando internamente sabemos que esse trabalho não nos proporciona qualquer tipo de prazer, desafio ou evolução, e nos sentimos entediados ao executar as funções.

Para Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, a crença “tá ruim, mas tá bom” ocorre quando nos acostumamos com pouco. “Quando isso acontece, a pessoa tem que sair daquela ótica. Olhar a situação de outra perspectiva”, sugere. Com isso, podemos enxergar que a vida que estamos levando não é bem aquela que gostaríamos de ter

Falsa sensação de segurança

Estar na zona de conforto nos causa uma falsa sensação de segurança. Como estamos acostumado a ela, não sentimos qualquer medo, risco ou ameaça. Contudo, nada na vida é estável ou permanente e a zona de conforto é uma “ilusão”.

“Todo mundo faz questão de não arriscar pela segurança. Muitas vezes a pessoa trabalha em uma empresa durante 40 anos, mas sempre reclamando. De repente ela tem a oportunidade de montar um negócio e fazer aquilo que gosta, mas ela continua lá pelo simples fato da segurança, em vez de investir em algo que poderia fazê-la feliz”, avalia.

Tagawa tem uma frase que ilustra essa situação: “quer segurança? Compra uma geladeira”, diz. “Ela vai funcionar durante 20 anos, não vai quebrar, só que ela vai fazer sempre a mesma coisa.”

Plano B

No mundo do empreendedorismo, é comum os especialistas alertarem para a importância de qualquer indivíduo ter um Plano B na vida profissional. Isso implica em sair da zona de conforto e pesquisar, paralelamente ao emprego atual, formas alternativas de trabalho. Essas opções podem ser tanto dentro do seu campo de especialização como fora dele – desde que você tenha afinidade e interesse pela nova área.

A sugestão é que tal busca seja feita aos poucos, com começar um curso diferente, pensar em formas autônomas de trabalho, participar de eventos e ampliar a rede de relacionamentos.

O autoconhecimento é muito importante para quem quer sair da zona de conforto. É preciso conhecer a si mesmo para saber o que te move, quais são as suas limitações e anseios. De repente podemos ser mandados embora do emprego ou o parceiro com quem nos relacionamos há anos optar por encerrar a relação. Nesses casos, quem estiver consciente da impermanência da vida lidará melhor com a situação.

Alma, Propósito

Qual é a diferença entre propósito e missão de vida?

4 de outubro de 2017

Por Gabriela Gasparin

Muitas pessoas buscam um propósito e uma missão de vida. Cansadas de seguirem a jornada no “automático”, apenas reproduzindo padrões estabelecidos na sociedade, procuram algo maior para guiar os seus dias. Ao longo dessa caminhada, é importante entender a diferença entre propósito e missão. Afinal, ambos são essenciais para nos guiar rumo à vida que queremos ter.

Qual é a diferença entre propósito e missão?

De uma forma bem resumida, quando temos um propósito claro fica mais fácil encontrar a nossa missão. Confundiu ainda mais? Então vamos lá: o propósito é algo que vem do nosso âmago, um desejo interno que nos move diariamente. A missão já é mais prática e implica necessariamente em uma ação concreta a ser realizada.

O que é propósito?

O que te faz acordar todos os dias e seguir em frente, mesmo ante as adversidades? O que te move interiormente a fazer o que faz? Ao responder essas perguntas chegamos mais perto de qual é o nosso propósito. A resposta geralmente terá conexão com algum sentimento ou valor mais profundo.

Segue a resposta encontrada no Google para a busca “o que é propósito”:

Propósito

Substantivo masculino

  1. intenção (de fazer algo); projeto, desígnio. 2. aquilo que se busca alcançar; objetivo, finalidade, intuito. 3. aquilo a que alguém se propôs ou por que se decidiu; decisão, determinação, resolução.

Por exemplo, uma pessoa poderia dizer: “eu acredito que o autoconhecimento é a chave para uma vida mais plena e harmônica. O meu propósito de vida é me aprofundar cada vez mais nesse tema e estar apto a compartilhar com os demais tal sentimento de plenitude, proporcionando tranquilidade na vida em sociedade e uma conexão maior entre mim, os outros seres e o universo”.

Profundo, não? Mas o propósito é assim mesmo: geralmente conectado com algo maior, grandioso. Em livro intitulado “Por que fazemos o que fazemos” o filósofo Mário Sérgio Cortella afirma: “uma vida com propósito é aquela em que eu entenda as razões pelas quais faço o que faço e pelas quais claramente deixo de fazer o que não faço.” Segundo ele, a busca por um propósito no trabalho é uma das maiores aflições contemporâneas.

O que é missão?

Com base no exemplo usado no propósito, a mesma pessoa poderia responder: “a minha missão na vida é ajudar o máximo de pessoas possível a praticarem o autoconhecimento. Para isso, vou estudar psicologia e me capacitar cada vez mais nessa área.”

A missão sempre vai implicar uma ação, uma atitude da nossa parte. Ela claramente está relacionada com o propósito, mas não é a mesma coisa.

Vamos novamente recorrer ao resultado do Google para a busca o que é missão:

Missão

Substantivo feminino

  1. incumbência que alguém deve executar a pedido ou por ordem de outrem; encargo. 2. conjunto de pessoas a que se confere uma tarefa. 3. dever a cumprir; obrigação.

É claro que a definição do dicionário não corresponde exatamente ao sentido de “missão de vida”, mas ao comparar o significado de “propósito” e “missão” conseguimos entender claramente a diferença das duas.

E não tenha dúvidas, saber claramente o que nos move ajuda, e muito, a sermos mais felizes. Basta um pouco de paciência que, com o tempo, as respostas aparecem. Afinal, como diz o ditado: “quem procura, acha!”

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.

 

Autodesenvolvimento, Mente

Acumule conquistas ao invés de arrependimentos

29 de setembro de 2017

Por Gabriela Gasparin

“Uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida”, disse o filósofo grego Sócrates. A ideia de refletir sobre a vida ajuda, e muito, na tomada de decisões e na concretização de um dia a dia mais agradável e feliz. Afinal, viver uma sequência rotineira de ações impensadas pode resultar em arrependimentos lá na frente. Mas, na prática, como a reflexão colabora para uma vida melhor?

Refletir sobre a vida só nos trás benefícios

Quase nada no mundo está sob nosso controle. A única coisa que efetivamente podemos controlar são as nossas ações, o nosso comportamento. Apesar disso, é comum seguirmos vivendo sem assumir as rédeas das nossas vidas. E fazemos isso porque simplesmente não paramos para pensar.

“Se é para levar a vida vivendo como gado, sem parar para refletir, sendo tocado até o matadouro, sem se desenvolver, mudar, aprender, a vida perde todo o seu sabor, a sua graça”, afirma o neurocientista Pedro Calabrez em palestra disponível no YouTube.

Apenas por meio da ação é que conseguimos efetivamente mudar o que nos incomoda. Porém, precisamos saber o que mudar. Para isso, a reflexão é fundamental. Precisamos entender o que nos incomoda e por quê.

Pensar para viver

Praticamente todos os filósofos defendem o pensar para viver. No livro “A vida que vale a pena ser vivida”, os autores Clóvis de Barros Filho e Arthur Meucci afirmam que Sócrates, por exemplo, fala sobre a importância de sabermos a essência das coisas antes de atuarmos sobre elas.

Por exemplo: é importante entender o que é amizade para avaliar se as relações com seus amigos de fato se enquadram nesse conceito para você. O mesmo vale com todas as coisas: o que deve ser um trabalho? O que é amor para você?

“Em tudo o que existe no mundo há alguma coisa que é sua essência, seu atributo principal, sua razão de ser. Desta forma, conhecer, seja lá o que for, implica conhecer esse seu atributo principal, isto é, aquilo sem o que toda e qualquer coisa não seria o que é. Assim, identificar a essência pressupõe identificar aquilo que faz ser.” E Sócrates vai mais longe, dizem os autores: o que é verdadeiro para cada um está na nossa alma. Ou seja, para o filósofo grego, o que pensa no homem é a sua alma.

Daí a importância de investigarmos a fundo quais são as nossas verdades para, posteriormente, agir ante elas. Ou seja: para tudo aquilo que não vai ao encontro do que acreditamos ou o que queremos, temos a possibilidade de mudar, de fazer diferente, de crescer e nos desenvolver. Isso só trará benefícios a nós mesmos. Afinal, como diz o poeta tibetano Milarepa: “minha missão é viver – e morrer- sem arrependimento.”

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.