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Alma

Meditação, Mente

Como começar a meditar, limpar os pensamentos e ter foco nas atividades do dia

19 de junho de 2017

Por Gabriela Gasparin

“A alma não quer ir para a frente. Quem quer ir para a frente é porque ainda não encontrou. Está ainda à procura”. A frase do escritor brasileiro Rubem Alves traduz o sentimento que atinge muitos de nós nos dias atuais: a ansiedade. Ficamos ansiosos porque não nos atentamos ao momento presente. Passamos a maior parte do tempo pensando no futuro. A meditação é uma prática que nos ajuda encontrar isso que, segundo Rubem Alves, “procuramos”. Ela nos traz para o aqui e agora, limpa os pensamentos e nos ajuda a ter foco. Mas como começar a meditar?

 

Meditação: o ato de limpar os pensamentos

Talvez o primeiro passo seja entender o que é meditação. De uma forma simples, meditar nada mais é do que o ato de ficar em silêncio, focado no presente, atento à respiração, aos sentimentos e sensações.

Há uma equivocada ideia disseminada popularmente de que meditar é “não pensar em nada”. Porém, tal definição é incorreta. É impossível não pensar em nada. O que é feito durante a meditação é observar os pensamentos chegando e indo embora, sem se fixar neles. Uma dica da monja zen budista brasileira conhecida como Monja Coen é: “não pense o pensamento”.

A posição mais comum é ficar sentado sobre uma almofada no chão, com as pernas cruzadas e a coluna ereta. Praticantes assíduos sentam-se com a perna em posição de “lótus” ou “meia lótus”. Mas quem não conseguir ou se sentir desconfortável pode se sentar em uma cadeira ou banquinho – sempre com a coluna reta.

A prática independe de religião ou tradição espiritual – apesar de às vezes pensarmos que possa estar ligada à crenças orientais. “Meditar serve para todo mundo. Não tem nada a ver com Oriente e Ocidente (…). É uma capacidade da mente humana que foi pouco desenvolvida e agora a gente está redescobrindo”, afirma a Monja Coen em vídeo em sua página. De acordo com ela, ao meditar limpamos os nossos excessos. “É tirar o extra e ver a essência do seu ser.”

 

Que tipo de meditação seguir?

Existem várias formas de praticar a meditação, desde as tradicionais voltadas ao budismo (zen ou tibetano), yoga ou hinduísmo, até as mais contemporâneas, como o Mindfulness. Recomenda-se fechar os olhos (ou deixá-los entreabertos), ouvir uma música relaxante ao fundo e prestar atenção na inspiração e expiração. Há a possibilidade de fazer uma meditação guiada – com a voz de um mediador ao fundo, que pode ser encontrada na internet – ou simplesmente ficar em silêncio.

Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, pratica a meditação do budismo tibetano – que foi com a qual ele teve contato na fase adulta. Quando criança, contudo, cresceu vendo sua avó praticar rituais do budismo japonês, o que também incluía a meditação. Segundo ele, a prática diária o ajuda a eliminar todos os pensamentos desnecessários, restando apenas os que são importantes para o dia. “É como se eu estivesse nascendo e morrendo a cada respiração. Inspira: nasci. Expira: morri. E sobra só o que é mais importante, o que preciso focar no meu dia.”

Em sua meditação ele ainda mentaliza uma luz branca ou azul cintilantes vindas de cima e atingindo o topo de sua cabeça, de forma a protegê-lo e fortalecer suas energias para o restante do dia.

 

Tempo de prática

É recomendável meditar por aproximadamente 20 minutos ao dia, o suficiente para acalmar a mente, reduzir a ansiedade e nos ajudar a nos conectarmos com nós mesmos. Com o passar do tempo, começamos a observar os nossos pensamentos “de fora”, eliminando o que não é importante.

Meditar pode ser um pouco desconfortável no começo e a prática exige disciplina. Contudo, vale a pena insistir e vencer os desconfortos iniciais. Uma hora os benefícios chegam e, fazendo referência à frase de Rubem Alves que abre este texto, conseguimos encontrar o que tanto procuramos dentro de nós mesmo.

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.

Alma, Propósito

Conhecer as próprias raízes nos ajuda a descobrir nossa força interior

31 de maio de 2017

O bonsai é uma miniárvore cultivada em um vaso e sua grande força encontra-se nas raízes. A raiz é a parte da planta que mais cresce — se for tirada do vaso, a raiz será bem maior do que a própria árvore. Na Filosofia do Bonsai, a raiz representa a base da nossa vida. Nela está tudo que é a nossa essência: antepassados, família, crenças e valores. Quanto mais profunda é a raiz, mais forte e valioso é o bonsai. Da mesma forma, ao conhecer nossas próprias raízes, ou seja, quem somos profundamente, conseguimos atuar para ter uma vida melhor.

Como conhecer suas raízes para fortalecer sua vida

Conhecer e fortalecer as própria raízes nos ajuda a ter uma vida equilibrada e em harmonia. De acordo com a Filosofia do Bonsai, trata-se de investigar o que está por trás de nosso “DNA”, da nossa base familiar que, por sua vez, é o pilar estrutural de nossas vidas.

O processo começa de dentro para fora. Primeiro, é preciso reconhecer-se dentro de uma família. Depois, saber que sobre essa família há a influência dos antepassados, tanto por meio da carga genética quanto nas crenças e valores transmitidos de geração a geração.

“É um processo de dentro para fora. Então você fortalece as suas raízes e quando

faz isso consegue evoluir e fazer com que sua vida fique mais próspera”, diz Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai. Ele aprendeu por experiência própria como é impossível fugir ou tentar esquecer as próprias raízes.

Por muito tempo, Tagawa negligenciou a importância de estar conectado com quem realmente é, negando a própria essência. Isso fez com que ele “patinasse” tanto na vida pessoal como profissional por muito tempo, tomando decisões influenciadas por fatores externos e não internos. O processo de entender de onde veio — o que inclui reconhecer-se dentro de uma família repleta de crenças e valores, tanto positivos quanto negativos — foram essenciais para o início de uma mudança pessoal.

Ao identificarmos padrões familiares negativos, o desafio é sermos responsáveis por mudá-los. Já os positivos, bem, aí é mais fácil tomá-los como exemplo. “A família é um dos maiores desafios da nossa vida. Os aprendizados principais estão dentro de casa, e de acordo com o entendimento da sua vivência, daquela família que você nasceu, você começa a nutrir a sua raiz.”

Como entender e trabalhar suas crenças e valores

Nossas crenças e valores são, por muito tempo, moldadas pela nossa família e meio em que vivemos. Dessa forma, assim como no bonsai, que é moldado pelas mãos humanas até chegar ao formato desejado, devemos refletir sobre o que realmente acreditamos e a “forma” que queremos dar para as nossas vidas.

Isso ocorre por meio do entendimento da nossa base. “Se eu criei uma crença de que o dinheiro é sujo, como vou fazer para aceitar que ele pode ser bem-vindo, bem-utilizado e que eu necessito dele?”, exemplifica Tagawa.

Com relação aos valores, é importante conhecer quais são os seus e como eles norteiam a sua vida. A partir do momento que você consegue entender que seus valores são inegociáveis, fica mais fácil administrar tarefas e tomar decisões. “Se o meu valor é a família, então não vou abrir mão dela por determinadas coisas.”

Você está preparando para trocar de vaso?

Como o bonsai vive em um vaso, o tamanho da planta é proporcional ao tamanho do vaso em que está plantado. Conforme a raiz cresce, há duas opções: ou o bonsai precisa ser trocado de vaso — o que fará com que seu tronco e copa também cresçam —, ou a raiz precisa ser cortada. Dessa forma, se o bonsaísta quiser manter a miniárvore no vaso inicial após um tempo, terá que tirá-la do vaso, cortar sua raiz e voltá-la ao mesmo vaso — dessa forma, a planta continua vivendo saudável no tamanho em que está.

“Isso dá outra analogia com a vida. Você está preparado para trocar o vaso e ver as suas raízes crescerem?”, questiona Tagawa.  Quanto maior é o vaso, aumentam as responsabilidades para com o bonsai: é necessário espaço maior para colocá-lo, mais terra e nutrientes. Nesse ponto, é preciso estar consciente dos resultados de cada escolha.

Alma, Espiritualidade

Saiba o que é a Filosofia do Bonsai e como ela pode trazer equilíbrio à sua vida

29 de maio de 2017

O principal conceito da Filosofia do Bonsai é o equilíbrio, proporcionado por meio de uma vida simplificada, enraizada e consciente. Como o próprio nome diz, sua base é o símbolo que a originou: o bonsai. A miniárvore é uma natureza moldada pelas nossas mãos. Quanto mais profunda é sua raiz, mais o tronco cresce forte e a copa fica robusta. Fazendo uma analogia com nossas vidas, devemos refletir: como as moldamos? Quais são as nossas raízes? Como cuidamos do nosso corpo? Esses princípios regem a Filosofia do Bonsai com o intuito de nos proporcionar uma vida equilibrada, com harmonia e prosperidade.

Como surgiu a Filosofia do Bonsai

Desde a adolescência, o publicitário Alexandre Tagawa, idealizador da filosofia, teve uma vida bastante desequilibrada. Enfrentava dificuldades em manter a disciplina, em lidar com a família e não conseguia entender o motivo de sua existência ou seu propósito no mundo.

Tal desequilíbrio persistiu na fase adulta e na vida profissional, a ponto de Tagawa ter o costume de comparar sua vida com a trajetória da lendária ave Fênix, que renasceu das cinzas: “minha vida inteira foi assim. Eu oscilava demais. Eram altos e baixos constantes e eu não conseguia gerar uma visão futura. Eu não olhava pra dentro de mim, só olhava pra fora. Tudo isso fez com que eu ficasse um caos.”

Em 2008, com a crise econômica mundial, ele vivia novamente um desses momentos de crise e desequilíbrio quando recebeu o símbolo do bonsai de presente de sua equipe — que na época sugeriu o bonsai como marca de sua empresa. Foi a partir daí que Tagawa começou a viver uma grande transformação em sua jornada.

Aprendeu o quanto as miniárvores precisam de cuidados diários para crescerem saudáveis e robustas. Passou a fazer analogias do bonsai com a própria vida. Resgatou aprendizados orientais que, apesar de esquecidos, encontravam-se em suas próprias raízes, como ensinamentos da avó budista e a experiência de viver no Japão, ao final da adolescência.

Assim, Tagawa começou a cuidar mais do corpo, fazer meditação e rituais diários e buscou o autoconhecimento — sempre com muita paciência e, claro, enfrentando todos os percalços desse processo. Quando percebeu, tinha desenvolvido uma filosofia que o ajudava a manter o equilíbrio que tanto precisava. E assim nasceu a filosofia do Bonsai, que nada mais é do que a junção de todas essas práticas em simples ações diárias com o intuito de mantê-lo no foco e, consequentemente, viver melhor.

“Como que queremos que o nosso bonsai tenha longevidade, prosperidade, que ele cresça? Na hora que eu consegui entender isso, eu comecei a buscar práticas dentro da filosofia para que eu conseguisse essa vida com mais equilíbrio.”

O que é a Filosofia do Bonsai

Nessa filosofia, somos instigados a trabalhar três pilares inspirados no bonsai: a raiz, o tronco e a copa. No primeiro pilar está nossa base, que é a família, os antepassados e nossas crenças. No tronco encontra-se o trabalho intelectual e físico para manter tudo em equilíbrio, como alimentação, atividades físicas, meditação e desenvolvimento pessoal. A copa, de uma forma resumida, é o resultado: a prosperidade — mas até aqui precisamos saber que há fases de altos e baixos, tendo em vista que até as árvores precisam trocar as folhas e se renovar periodicamente.

Tagawa é consciente de que, a cada dia, novos desafios aparecem. E é por isso que cada vez mais ele busca a disciplina para seguir os preceitos da filosofia. “O bonsai é único como cada ser humano, que também deve ser tratado com suas particularidades. Cada um de nós, como cada bonsai, é moldado pelas nossas mãos. Nós precisamos entender como podemos moldar o nosso bonsai e quem que está moldando a nossa vida. A  partir do momento que a gente tem o entendimento disso, nós começamos a organizar o nosso futuro”, defende.

Alma, Propósito

Entenda o que é propósito e como a Filosofia do Bonsai pode te ajudar a encontrar o seu.

25 de maio de 2017

Por Gabriela Gasparin

“Quem tem por que viver suporta quase qualquer como”. A disseminada frase do filósofo Friedrich Nietzsche nos inspira a refletir sobre qual seria o nosso “por que” diante de tão profunda afirmação. Afinal, como descobrir o que nos move e qual é o nosso propósito? O que nos faz acordar todos os dias e seguir em frente, mesmo ante as adversidades?

Viver com propósito — palavra tão em voga nos dias atuais — pode ser mais simples do que parece. Dentro da Filosofia do Bonsai, uma vida equilibrada, com foco e harmonia já é em si só o caminho para acalmar a mente e, aos poucos, descobrir o que de fato nos inspira no dia a dia — sem nos influenciar tanto por fatores externos. Lembre-se: a inspiração vem de dentro para fora, e não o contrário.

Significado da palavra propósito

Um caminho para achar a resposta pode ser entender, de fato, o que significa a palavra “propósito”. Uma opção para começar a compreender tal definição é partir do mais simples, a resposta encontrada no Google para a busca “o que é propósito”:

Propósito

Substantivo masculino

  1. intenção (de fazer algo); projeto, desígnio. 2. aquilo que se busca alcançar; objetivo, finalidade, intuito. 3. aquilo a que alguém se propôs ou por que se decidiu; decisão, determinação, resolução.

Se pensarmos bem, todas os sinônimos ou explicações da palavra nos levam a preencher uma única resposta, que é pessoal e particular para cada um. A escritora francesa Anaïs Nin considera que “Não vemos as coisas como são. Vemos as coisas como somos”.

Uma dica para responder qual é o seu propósito é refletir que palavra ou frase você preencheria depois de cada uma dessas definições do Google, sempre tendo como base quem você é, como se enxerga hoje e onde quer estar daqui a alguns anos.

Em livro intitulado “Por que fazemos o que fazemos”, o filósofo Mário Sérgio Cortella afirma: “uma vida com propósito é aquela em que eu entenda as razões pelas quais faço o que faço e pelas quais claramente deixo de fazer o que não faço.” Segundo ele, a busca por um propósito no trabalho é uma das maiores aflições contemporâneas.

Como significar a existência

Muitos especialistas observam que a geração atual tem encontrado dificuldades para significar a existência — diferentemente de gerações anteriores, que seguiam com mais facilidade regras, religiões, crenças ou dogmas.

Os jovens de hoje questionam tudo e se sentem os chefes (deuses) de si, o que é um paradoxo: ao mesmo tempo que sentem a liberdade de poder ser o que quiserem, não conseguem identificar o que querem ser. O sociólogo Zygmunt Bauman criou a teoria da “Modernidade Líquida”. Para ele, na contemporaneidade encontramo-nos vazios, sem profundidade. Só pensamos na nossa imagem exterior, sem saber exatamente o “por que” e “para quê” de cada ação.

Achar tal resposta é tarefa única de cada um. Talvez um consenso entre especialistas como psicólogos e filósofos é que ela não está do lado de fora, no mundo exterior ou nos outros.

A Filosofia do Bonsai nos remete a entender nossas raízes para conhecermos quem verdadeiramente somos — nossa base e nossa essência. Assim como cada bonsai é único, cada ser humano também o é. Se no bonsai a paciência e o cuidado diário o transformam em uma árvore robusta e saudável, em cada um de nós o cuidado do corpo, da mente e da alma pode nos levar, aos poucos, para uma vida com prosperidade e propósito.

Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.

Alma, Filosofia, Mente, Propósito

Pratique rituais diários e fique mais perto dos seus objetivos

18 de maio de 2017

Pessoas que cuidam de bonsais sabem que eles precisam de um cuidado diário para crescerem fortes e robustos. É preciso regá-los todos os dias e certificar-se que estão expostos à luz e ao sol — caso contrário, a miniárvore não crescerá saudável e pode ter a vida comprometida. Assim como com o bonsai, rituais diários nos ajudam a organizar nossas atividades do dia e a manter o foco nos objetivos de curto e longo prazo. Entenda como praticar um ritual diário pode te ajudar a ter um dia melhor.

Como praticar um ritual diário

Um ritual nada mais é do que a prática de um rito, um ato simbólico e intencional que ocorre com determinada frequência.

O rito representa as regras e cerimônias próprias de uma determinada prática ou religião. É um ato repetitivo, simbólico, que traduz uma crença, um agradecimento, saudação, intenção ou desejo, entre outras finalidades. Pode também ser uma festa, um momento de luto ou algo que se estabelece no calendário.

Dessa forma, o ritual é onde e como os ritos acontecem. Por exemplo: um cerimonial, uma etiqueta, uma liturgia, um culto ou até mesmo um ritual de passagem — como o casamento, batismo cristão ou o Bar Mitzvah no judaísmo.

Os rituais são importantes para marcar uma transformação ou dar um sentido a determinada ação. Segundo o antropólogo e historiador Roberto DaMatta, rituais são situações que abrem parênteses e promovem consciência e reconhecimento — ele estuda rituais e deu declaração em palestra da Associação Brasileira de Jornalismo Empresarial.

A prática do ritual diário na Filosofia do Bonsai

Na Filosofia do Bonsai, a realização do ritual diário feito com intenção nos ajuda a manter o foco no nosso propósito. Alexandre Tagawa, o idealizador da filosofia, descobriu por experiência própria os benefícios de praticar um ritual diário. Todos os dias antes de sair de casa e começar seu trabalho, ele para alguns minutos em frente ao seu altar e faz seu ritual.

“É muito simples: eu reverencio meus antepassados, faço minha conexão com Deus, organizo meu pensamento e sentimento para o dia. Isso faz com o que o dia flua com mais naturalidade e você consiga organizar melhor as suas atividades.”

Não há uma regra dentro da Filosofia do Bonsai para a prática do ritual diário. O importante é que seja feito todos os dias e com uma intenção, que pode ser ter foco no trabalho, ter um dia calmo ou conseguir cumprir determinada meta. O ritual pode ser feito acompanhado de uma meditação, uma oração ou um mantra pessoal, independente de crença ou religião. É recomendado, ainda, que o ritual seja feito diante de um altar (descubra aqui como montar o seu).

Para que o ritual nos ajude a alcançar objetivos de curto e longo prazo, é recomendado saber e definir de forma prática quais são essas metas e mentalizá-las por etapas no ritual diário, fazendo sempre o que for possível no dia a dia para cumpri-las — a mentalização por si só vai ajudar a trazer clareza para cumprir essa intenção.

Por exemplo: se o seu desejo é perder peso até o final do ano, diariamente no seu ritual você deve colocar a intenção de alimentar-se de forma saudável (ou conforme a dieta pré-estabelecida) naquele dia. Com esse foco e disciplina, ao final de um período, o efeito aparecerá.

Alma, Espiritualidade, Filosofia, Mente

Monte seu altar independentemente de religião

18 de maio de 2017

Ter um altar em casa é muito importante para a prática de rituais diários, propiciando ricos momentos de conexão interior — seja qual for sua crença, religião ou forma de enxergar a vida. Qualquer pessoa pode montar seu altar personalizado e garantir um ambiente favorável para a prática de uma filosofia ou espiritualidade. Veja dicas de como montar um altar repleto de energias e significado.

Como montar um altar e garantir seu “cantinho” de conexão interior

Um altar é um espaço reservado para facilitar a conexão interior, com Deus e com o Universo. Independentemente de religião, ele sempre deverá conter itens que remetam à alguma simbologia ou significado importante para você.

É possível montá-lo da forma que achar melhor. Escolha um cantinho especial e calmo dentro da sua casa: pode ser no quarto, na sala ou na varanda, por exemplo. Em uma mesa ou prateleira, junte objetos e símbolos que de alguma forma conectem com sua espiritualidade ou crença: pode ser um livro de ensinamentos, imagens de santos ou deuses, velas, flores e incensos.

Tudo tem um significado e nada será colocado no altar à toa. Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, coloca no dele itens que o remetem às raízes familiares e energias positivas.

Entre eles está o incenso, objeto relacionado à reverência aos antepassados e à impermanência da vida — além, é claro, do perfume que exala. Há também pedras de quartzo: uma branca ou transparente, que significa força de cura e equilibra os elementos do corpo; e uma rosa, que significa bondade, felicidade e amor.

Tagawa colocou, ainda, um gongo, que significa a cura terapêutica através da ressonância. Em cima do altar, na parede, fixou um quadro com uma espada de Samurai — um presente que ganhou da esposa. “Eu tenho certeza que algum dos meus antepassados foi um Samurai.”

Homenagem à avó budista

No centro do altar de Tagawa tem a imagem de um Buda. “É uma reverência e homenagem que faço à minha avó, Dona Rosa. Eu lembro desde pequeno de ela todos os dias praticando o ritual no seu altar”, explica. Segundo ele, o significado do Buda é “iluminar”.

Tagawa aprendeu a importância de ter o próprio altar com a avó budista. Todas as manhãs, a sábia senhora dedicava um tempo diante do pequeno altar em seu quarto para entoar seu mantra, reverenciar Buda e mentalizar o nome de todos os familiares. Depois disso, ela ainda se alongava para começar o dia em equilíbrio.

Ao chegar na fase adulta e após enfrentar muitos obstáculos, Tagawa recordou da prática diária de sua avó e aos poucos construiu o próprio altar.

Significado da palavra altar

A palavra “altar” geralmente nos remete a imagens de igrejas ou templos religiosos, já que a mesa dedicada ao divino está presente em praticamente todos eles. No dicionário Aurélio, por exemplo, a palavra altar significa: “1. Mesa consagrada aos sacrifícios religiosos; 2. Mesa ou balcão de pedra destinada a sacrifício, nas religiões pagãs”.

Isso porque, em tradições religiosas, o altar é (ou era no passado) usado para esses sacrifícios e oferendas. Podemos aproveitar a origem dessa palavra, ressignificando-a para os dias atuais. A avó de Tagawa, por exemplo, tinha o costume de ofertar frutas no altar dela. Nesse mesmo contexto, é possível acender velas e flores.

“De início são objetos inanimados, mas a partir do momento que você leva a sua energia, faz a prática e cria um hábito da sua conexão com plano maior e o Universo, a energia que esse altar traz para você é algo muito importante e faz muito bem pra mim”, revela Tagawa.

Alma, Autodesenvolvimento, Filosofia, Mente, Propósito

Ao escrever o livro Filosofia do Bonsai, Alexandre Tagawa redefine seus propósitos

18 de maio de 2017

Por Gabriela Gasparin

“É por meio de nossas próprias narrativas que construímos principalmente uma versão de nós mesmos no mundo”. A frase, do psicólogo americano Jerome Bruner, ressalta o quanto conhecer a própria história nos faz entender quem somos. Ao escrever uma autobiografia, revivemos por meio da memória cada etapa da vida, ressignificando-as. Ao estruturar o passado, encontramos a clareza que precisamos para construir no presente o futuro que queremos ter. É como se estivéssemos passando a vida a limpo.

É justamente essa percepção que Alexandre Tagawa tem ao escrever a história da própria vida e de como surgiu a Filosofia do Bonsai. “Escrever o livro está me ajudando a entender a minha história. É como uma terapia, porque faz você refletir sobre todas as etapas que passou na vida.”

A escrita da autobiografia o ajuda a estruturar o entendimento sobre quem é e qual é sua missão no mundo. “É claro que todos nós passamos por adversidades e entendemos o que fez ou não sentido. Estou conseguindo entender onde estão os pontos que posso melhorar, onde que aquilo pode fazer a diferença. Muitas vezes nem nós mesmos entendemos a nossa história. O processo da escrita e das entrevistas está me facilitando a ter um pensamento mais profundo.”

Realização de um sonho

O sonho de Tagawa de escrever um livro sobre sua trajetória e a Filosofia do Bonsai é antigo, mas foi em 2017 que ele resolveu, literalmente, colocá-lo no papel.

Foram as dificuldades que viveu desde a infância que o levaram a buscar práticas para manter a calma e o equilíbrio em momentos difíceis. As práticas diárias de meditação, respiração, atividade física e cuidados com a alimentação o ajudam a viver melhor, com foco na sua missão. A intenção com o livro é compartilhar esse aprendizado com os leitores. Assim como a filosofia faz bem para ele, pode ajudar outras pessoas.

O processo pelo qual Tagawa está passando, de compreender a própria história por meio da escrita, faz parte de um processo já conhecido por estudiosos. O psicólogo Bruner, citado no começo deste texto, sugere que representamos a vida, para nós e para os outros, na forma de narrativas. Ao nos identificarmos com essa história é que construímos nossa identidade e achamos nosso lugar no mundo.

O sociólogo Antonio Candido, em seu livro Vários Escritos, explica que “quer percebamos claramente ou não, o caráter de coisa organizada da obra literária torna-se um fator que nos deixa mais capazes de ordenar a nossa própria mente e sofrimentos; e, em consequência, mais capazes de organizar a visão que temos do mundo”.

É por isso que, para Tagawa, contar a própria história o ajuda a manter o compromisso com a prática da Filosofia do Bonsai, que é um ponto para dar um norte ao seu equilíbrio, com uma vida sem excesso.

“Quando eu vou contando a minha história e vendo os processos que fui passando durante minha infância, adolescência e fase adulta, eu começo a entender que hoje, se eu não tivesse a Filosofia do Bonsai, seria mais difícil o processo de aceitação das coisas que eu passei pela minha vida, e principalmente o entendimento de como posso manter a vida com mais equilíbrio.”

Tagawa faz uma analogia de conhecermos nossas histórias com o próprio bonsai, que tem uma raiz profunda, que é onde está a nossa família e nossos antepassados. É onde a gente nos nutre de vitaminas para que nosso tronco fique erguido e nossa copa se transforme em prosperidade. “É uma natureza moldada por nossas mãos, assim como a nossa vida. Cada ser humano é único, assim como cada bonsai”, explica.

Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.