Por Gabriela Gasparin
“O que é uma erva daninha senão uma planta da qual ainda se não descobriram as virtudes?”, questionou o renomado escritor americano Ralph Waldo Emerson. Muitos de nós passamos uma vida inteira sem identificar as próprias virtudes, ou seja, qualidades genuínas e verdadeiras que carregamos internamente e podem transformar nossa forma de enxergar a nós mesmos e aos demais.
O que é virtude?
A palavra virtude tem origem no latim virtus, que significa força viril ou poder. De acordo com o dicionário da língua portuguesa, “é a disposição firme e constante para a prática do bem” e a “qualidade própria que nos permite produzir certos efeitos” – que, de forma geral, são relacionados a algo positivo.
Há significados morais e teológicos de virtudes. Por exemplo, na teologia, as três virtudes (trindade) são a fé, a esperança e a caridade. Na moral, por sua vez, existem as quatro virtudes cardeais ou centrais, que são tidas como orientadoras da conduta do ser humanos. São elas: a prudência, a temperança, a fortaleza e a justiça.
Juntas, as virtudes morais e teológicas compõem o termo conhecido como as virtudes celestiais ou as sete virtudes cardinais. Entenda cada uma delas:
As sete virtudes cardinais
Fé: no sentido teológico, é a adesão e anuência pessoal a Deus, mas pode, ainda, ser compreendida como crença e confiança. É a firmeza na execução de uma promessa ou compromisso;
Esperança: é o ato de se esperar com fé (ou seja, com confiança) o que se deseja;
Caridade: sentimento bom que nos leva a poupar a quem poderíamos castigar ou punir; a prática desse sentimento é conhecida como a obra de caridade;
Prudência: é a qualidade de saber agir com cautela, precaução e comedimento, buscando evitar tudo o que julga fonte de erro ou dano. Buscar os melhores meios para se atingir um objetivo;
Temperança: qualidade de quem modera apetites, prazeres ou paixões, visando o equilíbrio;
Fortaleza: qualidade dos fortes, que remete à solidez e segurança. Força e energia moral;
Justiça: ser justo, qualidade de dar a cada um aquilo que é seu. Faculdade de julgar segundo o direito e melhor consciência.
As virtudes nos dias de hoje
As sete virtudes cardinais são apenas um meio para nos ajudar a identificar nossas próprias virtudes e conseguir colocá-las em prática no dia a dia. Afinal, atualmente o termo é compreendido forma mais geral e ampla, como as qualidades gerais de qualquer pessoa. É comumente conhecida como uma característica positiva, dentro do que é considerado certo, desejado e digno.
Pensar em quais são as nossas virtudes e em como aplicá-las no dia a dia pode trazer bons resultados para a nossa vida como um todo. No livro O cérebro de Buda, o neuropsicólogo Rick Hanson afirma: “a virtude parece uma qualidade que está além do nosso alcance mas, na verdade, é algo bem realista. Ela significa simplesmente viver segundo nossa bondade interior, guiada por princípios.”
*Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.