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raízes

Alma, Propósito

Conhecer as próprias raízes nos ajuda a descobrir nossa força interior

31 de maio de 2017

O bonsai é uma miniárvore cultivada em um vaso e sua grande força encontra-se nas raízes. A raiz é a parte da planta que mais cresce — se for tirada do vaso, a raiz será bem maior do que a própria árvore. Na Filosofia do Bonsai, a raiz representa a base da nossa vida. Nela está tudo que é a nossa essência: antepassados, família, crenças e valores. Quanto mais profunda é a raiz, mais forte e valioso é o bonsai. Da mesma forma, ao conhecer nossas próprias raízes, ou seja, quem somos profundamente, conseguimos atuar para ter uma vida melhor.

Como conhecer suas raízes para fortalecer sua vida

Conhecer e fortalecer as própria raízes nos ajuda a ter uma vida equilibrada e em harmonia. De acordo com a Filosofia do Bonsai, trata-se de investigar o que está por trás de nosso “DNA”, da nossa base familiar que, por sua vez, é o pilar estrutural de nossas vidas.

O processo começa de dentro para fora. Primeiro, é preciso reconhecer-se dentro de uma família. Depois, saber que sobre essa família há a influência dos antepassados, tanto por meio da carga genética quanto nas crenças e valores transmitidos de geração a geração.

“É um processo de dentro para fora. Então você fortalece as suas raízes e quando

faz isso consegue evoluir e fazer com que sua vida fique mais próspera”, diz Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai. Ele aprendeu por experiência própria como é impossível fugir ou tentar esquecer as próprias raízes.

Por muito tempo, Tagawa negligenciou a importância de estar conectado com quem realmente é, negando a própria essência. Isso fez com que ele “patinasse” tanto na vida pessoal como profissional por muito tempo, tomando decisões influenciadas por fatores externos e não internos. O processo de entender de onde veio — o que inclui reconhecer-se dentro de uma família repleta de crenças e valores, tanto positivos quanto negativos — foram essenciais para o início de uma mudança pessoal.

Ao identificarmos padrões familiares negativos, o desafio é sermos responsáveis por mudá-los. Já os positivos, bem, aí é mais fácil tomá-los como exemplo. “A família é um dos maiores desafios da nossa vida. Os aprendizados principais estão dentro de casa, e de acordo com o entendimento da sua vivência, daquela família que você nasceu, você começa a nutrir a sua raiz.”

Como entender e trabalhar suas crenças e valores

Nossas crenças e valores são, por muito tempo, moldadas pela nossa família e meio em que vivemos. Dessa forma, assim como no bonsai, que é moldado pelas mãos humanas até chegar ao formato desejado, devemos refletir sobre o que realmente acreditamos e a “forma” que queremos dar para as nossas vidas.

Isso ocorre por meio do entendimento da nossa base. “Se eu criei uma crença de que o dinheiro é sujo, como vou fazer para aceitar que ele pode ser bem-vindo, bem-utilizado e que eu necessito dele?”, exemplifica Tagawa.

Com relação aos valores, é importante conhecer quais são os seus e como eles norteiam a sua vida. A partir do momento que você consegue entender que seus valores são inegociáveis, fica mais fácil administrar tarefas e tomar decisões. “Se o meu valor é a família, então não vou abrir mão dela por determinadas coisas.”

Você está preparando para trocar de vaso?

Como o bonsai vive em um vaso, o tamanho da planta é proporcional ao tamanho do vaso em que está plantado. Conforme a raiz cresce, há duas opções: ou o bonsai precisa ser trocado de vaso — o que fará com que seu tronco e copa também cresçam —, ou a raiz precisa ser cortada. Dessa forma, se o bonsaísta quiser manter a miniárvore no vaso inicial após um tempo, terá que tirá-la do vaso, cortar sua raiz e voltá-la ao mesmo vaso — dessa forma, a planta continua vivendo saudável no tamanho em que está.

“Isso dá outra analogia com a vida. Você está preparado para trocar o vaso e ver as suas raízes crescerem?”, questiona Tagawa.  Quanto maior é o vaso, aumentam as responsabilidades para com o bonsai: é necessário espaço maior para colocá-lo, mais terra e nutrientes. Nesse ponto, é preciso estar consciente dos resultados de cada escolha.

Alma, Autodesenvolvimento, Filosofia, Mente, Propósito

Ao escrever o livro Filosofia do Bonsai, Alexandre Tagawa redefine seus propósitos

18 de maio de 2017

Por Gabriela Gasparin

“É por meio de nossas próprias narrativas que construímos principalmente uma versão de nós mesmos no mundo”. A frase, do psicólogo americano Jerome Bruner, ressalta o quanto conhecer a própria história nos faz entender quem somos. Ao escrever uma autobiografia, revivemos por meio da memória cada etapa da vida, ressignificando-as. Ao estruturar o passado, encontramos a clareza que precisamos para construir no presente o futuro que queremos ter. É como se estivéssemos passando a vida a limpo.

É justamente essa percepção que Alexandre Tagawa tem ao escrever a história da própria vida e de como surgiu a Filosofia do Bonsai. “Escrever o livro está me ajudando a entender a minha história. É como uma terapia, porque faz você refletir sobre todas as etapas que passou na vida.”

A escrita da autobiografia o ajuda a estruturar o entendimento sobre quem é e qual é sua missão no mundo. “É claro que todos nós passamos por adversidades e entendemos o que fez ou não sentido. Estou conseguindo entender onde estão os pontos que posso melhorar, onde que aquilo pode fazer a diferença. Muitas vezes nem nós mesmos entendemos a nossa história. O processo da escrita e das entrevistas está me facilitando a ter um pensamento mais profundo.”

Realização de um sonho

O sonho de Tagawa de escrever um livro sobre sua trajetória e a Filosofia do Bonsai é antigo, mas foi em 2017 que ele resolveu, literalmente, colocá-lo no papel.

Foram as dificuldades que viveu desde a infância que o levaram a buscar práticas para manter a calma e o equilíbrio em momentos difíceis. As práticas diárias de meditação, respiração, atividade física e cuidados com a alimentação o ajudam a viver melhor, com foco na sua missão. A intenção com o livro é compartilhar esse aprendizado com os leitores. Assim como a filosofia faz bem para ele, pode ajudar outras pessoas.

O processo pelo qual Tagawa está passando, de compreender a própria história por meio da escrita, faz parte de um processo já conhecido por estudiosos. O psicólogo Bruner, citado no começo deste texto, sugere que representamos a vida, para nós e para os outros, na forma de narrativas. Ao nos identificarmos com essa história é que construímos nossa identidade e achamos nosso lugar no mundo.

O sociólogo Antonio Candido, em seu livro Vários Escritos, explica que “quer percebamos claramente ou não, o caráter de coisa organizada da obra literária torna-se um fator que nos deixa mais capazes de ordenar a nossa própria mente e sofrimentos; e, em consequência, mais capazes de organizar a visão que temos do mundo”.

É por isso que, para Tagawa, contar a própria história o ajuda a manter o compromisso com a prática da Filosofia do Bonsai, que é um ponto para dar um norte ao seu equilíbrio, com uma vida sem excesso.

“Quando eu vou contando a minha história e vendo os processos que fui passando durante minha infância, adolescência e fase adulta, eu começo a entender que hoje, se eu não tivesse a Filosofia do Bonsai, seria mais difícil o processo de aceitação das coisas que eu passei pela minha vida, e principalmente o entendimento de como posso manter a vida com mais equilíbrio.”

Tagawa faz uma analogia de conhecermos nossas histórias com o próprio bonsai, que tem uma raiz profunda, que é onde está a nossa família e nossos antepassados. É onde a gente nos nutre de vitaminas para que nosso tronco fique erguido e nossa copa se transforme em prosperidade. “É uma natureza moldada por nossas mãos, assim como a nossa vida. Cada ser humano é único, assim como cada bonsai”, explica.

Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.