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Filosofia, Mente

Nossas cicatrizes são nosso maior legado

6 de setembro de 2017

Por Gabriela Gasparin

Existe uma disseminada frase da escritora dinamarquesa Izak Dinesen que diz: “todos os sofrimentos podem ser suportados se os convertermos numa história, ou se contarmos uma história sobre eles. Ser uma pessoa é ter uma história para contar”. Para o empresário Alexandre Tagawa, as cicatrizes que temos na vida nada mais são do que um legado. Foram as adversidades que ele encontrou pelo caminho que o levaram ao encontro da Filosofia do Bonsai, prática que tem transformado sua existência.

“As cicatrizes nada mais são do que um legado. Elas te mostram o quanto você pode ser forte”, afirma o empresário, que já passou por muitos altos e baixos na vida, tanto como empreendedor como na trajetória pessoal e familiar – suas vivências estão sendo compartilhadas aos poucos aqui neste blog e, em breve, toda a sua história estará registrada em um livro.

“Aquela cicatriz você vai transformar em história para você contar para alguém, compartilhar e dali gerar uma possibilidade de uma outra pessoa ouvir e compartilhar isso com outra, com outra, com outra… E assim a gente consegue unir pessoas prósperas”, acredita o empreendedor.

Dificuldades nos fazem crescer

As dificuldades nos fazem crescer, mas só conseguimos compreender o aprendizado depois que o problema já passou. Tal entendimento ocorre graças à nossa habilidade de recordar a história vivida, construindo uma nova narrativa sobre ela.

Há linhas que estudam a escrita de biografias para significar, ou ressignificar, nossas vidas após traumas, momentos difíceis ou fases de transformação – assim como Tagawa está fazendo com seus aprendizados.

Em seu livro “5 lições de storytelling”, o autor James McSill ressalta: “na vida, a grande força do storytelling vem do seu efeito inspirador, que permite às pessoas desconstruir, analisar e reinterpretar as próprias histórias a partir de suas próprias experiências, criar e recriar significados.”

A narrativa que fazemos sobre nós afeta nossa vida em si. McSill ressalta: “quanto mais conhecer de história para entender as histórias da sua vida, mais fácil será reinterpretá-las e transformá-las. Podemos narrar a mesma história com foco no problema ou na solução.”

‘Nós nos contamos a partir da nossa história’

Em “O nome do vento”, o autor Patrick Rothfuss explica que é como se o tempo todos nós contássemos uma história sobre nós mesmos dentro da nossa mente. E essa história é o que faz você ser quem você é. “Nós nos contamos a partir das histórias”, salienta Rothfuss.

Contadores de história e até especialistas em psicologia garantem que narrar nossas vidas ao outro é essencial. E muitos de nós sabemos o alívio que sentimos ao fazer um verdadeiro desabafo, não é mesmo?

De onde vem nossa necessidade de contar a própria história

Nossos hábitos de “contação de histórias” são antigos. No passado, a troca ocorria em círculos ao redor de uma fogueira no final do dia. Mais adiante, na cadeira posta em frente à calçada. Numa mesa de bar. Apesar de ainda contarmos com todas essas opções tradicionais, hoje essa tendência se intensificou, com a possibilidade de usarmos as redes sociais.

É claro que há todo um debate sobre o “espetáculo” que criamos com essa virtualização de nós mesmos em “avatares” online, costume que exige cuidado. Não é sadio quando se torna uma busca incessante e inconsciente por “curtidas”, por se tornar popular. Porém, o hábito e a vontade de nos fazer revelar para o mundo está dentro de nós.

Estudiosos da comunicação vão dizer que o ato de criar narrativas é intrínseco ao ser humano e faz parte de sua comunicação. E a comunicação, por sua vez, sempre foi a base da interação social e essencial para a vida do homem em sociedade, esclarece o jornalista Francisco Rudiger, em seu livro “Teorias da Comunicação”.

E taí a importância de falarmos – verdadeiramente – sobre nós mesmos. Ao nos narrar, marcamos nossa existência no mundo. Na Filosofia do Bonsai, a prática de conhecer a própria história é trabalhada dentro do pilar raiz. Afinal, quanto mais nos conhecemos, mais temos a possibilidade de atuar no mundo de forma inspiradora e próspera.

Que a nossa vida seja repleta de boas, e significativas, histórias!

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.

Alma, Autodesenvolvimento, Filosofia, Mente, Propósito

Ao escrever o livro Filosofia do Bonsai, Alexandre Tagawa redefine seus propósitos

18 de maio de 2017

Por Gabriela Gasparin

“É por meio de nossas próprias narrativas que construímos principalmente uma versão de nós mesmos no mundo”. A frase, do psicólogo americano Jerome Bruner, ressalta o quanto conhecer a própria história nos faz entender quem somos. Ao escrever uma autobiografia, revivemos por meio da memória cada etapa da vida, ressignificando-as. Ao estruturar o passado, encontramos a clareza que precisamos para construir no presente o futuro que queremos ter. É como se estivéssemos passando a vida a limpo.

É justamente essa percepção que Alexandre Tagawa tem ao escrever a história da própria vida e de como surgiu a Filosofia do Bonsai. “Escrever o livro está me ajudando a entender a minha história. É como uma terapia, porque faz você refletir sobre todas as etapas que passou na vida.”

A escrita da autobiografia o ajuda a estruturar o entendimento sobre quem é e qual é sua missão no mundo. “É claro que todos nós passamos por adversidades e entendemos o que fez ou não sentido. Estou conseguindo entender onde estão os pontos que posso melhorar, onde que aquilo pode fazer a diferença. Muitas vezes nem nós mesmos entendemos a nossa história. O processo da escrita e das entrevistas está me facilitando a ter um pensamento mais profundo.”

Realização de um sonho

O sonho de Tagawa de escrever um livro sobre sua trajetória e a Filosofia do Bonsai é antigo, mas foi em 2017 que ele resolveu, literalmente, colocá-lo no papel.

Foram as dificuldades que viveu desde a infância que o levaram a buscar práticas para manter a calma e o equilíbrio em momentos difíceis. As práticas diárias de meditação, respiração, atividade física e cuidados com a alimentação o ajudam a viver melhor, com foco na sua missão. A intenção com o livro é compartilhar esse aprendizado com os leitores. Assim como a filosofia faz bem para ele, pode ajudar outras pessoas.

O processo pelo qual Tagawa está passando, de compreender a própria história por meio da escrita, faz parte de um processo já conhecido por estudiosos. O psicólogo Bruner, citado no começo deste texto, sugere que representamos a vida, para nós e para os outros, na forma de narrativas. Ao nos identificarmos com essa história é que construímos nossa identidade e achamos nosso lugar no mundo.

O sociólogo Antonio Candido, em seu livro Vários Escritos, explica que “quer percebamos claramente ou não, o caráter de coisa organizada da obra literária torna-se um fator que nos deixa mais capazes de ordenar a nossa própria mente e sofrimentos; e, em consequência, mais capazes de organizar a visão que temos do mundo”.

É por isso que, para Tagawa, contar a própria história o ajuda a manter o compromisso com a prática da Filosofia do Bonsai, que é um ponto para dar um norte ao seu equilíbrio, com uma vida sem excesso.

“Quando eu vou contando a minha história e vendo os processos que fui passando durante minha infância, adolescência e fase adulta, eu começo a entender que hoje, se eu não tivesse a Filosofia do Bonsai, seria mais difícil o processo de aceitação das coisas que eu passei pela minha vida, e principalmente o entendimento de como posso manter a vida com mais equilíbrio.”

Tagawa faz uma analogia de conhecermos nossas histórias com o próprio bonsai, que tem uma raiz profunda, que é onde está a nossa família e nossos antepassados. É onde a gente nos nutre de vitaminas para que nosso tronco fique erguido e nossa copa se transforme em prosperidade. “É uma natureza moldada por nossas mãos, assim como a nossa vida. Cada ser humano é único, assim como cada bonsai”, explica.

Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.