Browsing Tag

Família

Alma, Propósito

Nunca está satisfeito com a vida? Tenha controle sobre seus desejos

11 de outubro de 2017

Por Gabriela Gasparin

“Nada é bastante para o homem para quem tudo é demasiado pouco”, disse o filósofo grego Epicuro, nascido em 341 a.C., cujos pensamentos são considerados bastante atuais nos dias de hoje. O pensador nos estimula a refletir sobre nossa a desenfreada busca por satisfazer desejos “insaciáveis”. Afinal, é importante estarmos conscientes do que desejamos e quais prazeres buscamos saciar.

Quais são os seus desejos?

Epicuro, de certa forma, faz uma apologia à uma vida sem excessos. Afirma em sua filosofia que alcançamos a felicidade ao controlar os nossos desejos – ou seja, desejando as coisas de forma moderada. Por meio da saúde do corpo e a serenidade do espírito, podemos encontrar a tranquilidade e a felicidade, garante. Do contrário, atraímos perturbações e a infelicidade.

Para Epicuro, há três tipos de desejo: “os naturais e necessários”, que suprem necessidades básicas, como alimentar-se e dormir (sem as quais, morremos); “os desejos naturais e não necessários”, como o sexo, gula, excesso de sono e embriaguez, por exemplo. E os “não naturais e não necessários”: como glória, sucesso, luxo, riqueza, etc, vistos como “vazios” pelo pensador.

Tudo o que desejamos deve ser satisfeito?

Os tipos de desejo elencados por Epicuro podem nos ajudar a refletir sobre o que queremos e por quê. Muitas vezes buscamos sanar prazeres para preencher algo que nada tem a ver com sanar uma necessidade do nosso corpo. Quantas vezes recorremos à comida em excesso, ao consumo, à fama ou ao poder apenas para suprir uma ansiedade ou sentimento de tristeza?

Segundo o filósofo, devemos buscar a satisfação dos desejos “naturais e necessários” com comedimento – afinal, comer e beber demais com frequência pode nos causar mal estar e nos afastar da felicidade. Com relação ao segundo grupo, podemos satisfazê-lo, mas pode fazer mal ao nosso espírito se buscados em excesso.

Contudo, é com relação ao terceiro grupo de desejos que podemos refletir: de fato precisamos saciá-los? No livro “A vida que vale a pena ser vivida”, os autores Clóvis de Barros Filho e Arthut Meucci explicam que a satisfação dos desejos “não naturais e não necessários” é repudiada por Epicuro. “Todos esses desejos, se realizados, nada agregam ao bem-estar, não prolongam a vida e não trazem tranquilidade para o corpo e para a alma”, defendem.

Outra reflexão que os autores levantam é o quanto buscamos no consumo uma nova posição ou identificação. “Quase todas são artificiais e, portanto, não necessárias. Assim, teremos mais posses, mais coisas do que nos vangloriar, mas continuaremos tristes.”

Desejamos para suprir o sofrimento

 Os prazeres têm muito a ver com o sofrimento: afinal, bebemos água para aplacar a sede, dormirmos para descansar, procuramos uma casa não só por proteção, mas também conforto. Até mesmo a busca pela beleza pode ser sadia – uma vez que o belo alegra nossos olhos e alma.

Não devemos eliminar os desejos, mas refletir a origem deles e qual dor buscar sanar. “Posso perceber meus desejos por qualquer coisa ou pessoa. Posso desejar ter um templo, por exemplo. Posso desejar me alimentar melhor. Posso desejar alcançar a iluminação suprema. Posso desejar consumir de forma responsável”, afirma a monja zen budista conhecida como Monja Coen, em sua página na internet.

Diferente é o apego, diz: “apego é como se passasse melado, cola na mão. Ficamos grudados, limitados, causamos sofrimento e sofremos. Livrar-se dos apegos é estar satisfeita, satisfeito com a realidade tal qual é”.

Avaliar os desejos é justamente importante ferramenta para conseguir realizar aqueles que de fato nos levam à felicidade – em vez de proporcionar apenas satisfação momentânea e, no futuro, resultam em culpa e mais mal estar. Talvez nos tempos de hoje Epicuro pudesse nos aconselhar com um “deseje com moderação.”

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.

Alma, Propósito

Aprenda a estabelecer prioridades na vida

11 de outubro de 2017

Quem tudo quer, nada tem”, já diz a sabedoria popular. Você já viveu uma situação onde buscou muitas coisas e, ao final, não conseguiu nada? Isso ocorre justamente porque precisamos estabelecer prioridades na vida e focar nelas para alcançar objetivos. Caso contrário, viveremos sempre querendo tudo e não tendo nada.

Como estabelecer prioridades na vida

Querer ter vários amigos e não conseguir estar presente em encontros; desejar atender bem muitos clientes e fazer uma entrega sofrida; tentar agradar a todos os familiares. Foi querendo “abraçar o mundo” que Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, percebeu que “não estava abraçando ninguém”.

Aos poucos Tagawa percebeu a importância de ter foco em determinados setores da vida para conseguir evoluir como ser humano e crescer nos negócios. “Eu não conseguia fazer tudo aquilo que eu gostaria. Então, em vez de eu ficar dividindo energia em diversas coisas, eu decidi que é melhor me concentrar em prioridades”, explica.

Fazer algo bem feito

Focar na qualidade e não na quantidade é uma escolha importante para quem deseja evoluir em qualquer nível da vida. O que adianta fazer cursos de três idiomas ao mesmo tempo, se não conseguir falar bem nenhum deles? Ou fazer investimentos pensando no futuro, mas gastar muito dinheiro?

Na Filosofia do Bonsai, o equilíbrio é o principal conceito norteador. A miniárvore é uma natureza moldada pelas nossas mãos. Fazendo uma analogia com nossas vidas, devemos refletir como as moldamos para atingir o objetivo que queremos. Temos que estar conscientes que não damos conta de tudo. E saber fazer escolhas é fundamental.

“Eu tenho muitos amigos? Não. Percebi que são poucos amigos que eu consigo manter acesos. Não adianta a gente ter milhares de amigos e no fim não cuidar de nenhum direito”, esclarece Tagawa.

É preciso escolher entre ter uma plantação de eucaliptos ou um jardim de bonsais, explica Tagawa. No eucalipto produzido em série as raízes são curtas, todas as árvores são iguais e logo são cortadas para o uso da madeira.

Já o bonsai leva anos para adquirir uma copa robusta, exige cuidado diário e atenção: porém, a árvore é bela e exótica. “Então eu acho que o grande aprendizado é: como não podemos ter tudo na vida, façamos escolhas. E as escolhas que fizermos, façamos bem feito.”

Equilíbrio na Filosofia do Bonsai 

É importante não cairmos no erro de fazer “mínimo de tudo e o máximo de nada” ou seja: querer fazer tudo ao mesmo tempo e não concluir nada com qualidade. As práticas da Filosofia do Bonsai ajudaram Tagawa a se conhecer melhor, ter mais calma e a focar em atividades. “Eu fazia o mínimo de tudo porque eu queria dar conta, mas você não consegue fazer tudo”.

Afinal, se “quem quer abraçar o mundo acaba não abraçando ninguém”, melhor dar um abraço bem apertado naqueles que nossos braços alcançam, não é mesmo?

Autodesenvolvimento, Mente

‘Tá ruim, mas tá bom’: a desculpa que nos impede de sair da zona de conforto

6 de outubro de 2017

“Tá ruim, mas tá bom” é uma crença comum que muitos de nós temos. Geralmente ela serve como desculpa para nos manter estagnados e nos impede de sair da zona de conforto. Quando isso acontece, precisamos analisar a situação e enxergá-la de outra perspectiva. Se o que está ruim pesa mais do que aquilo que está bom, algo precisa ser feito.

Como sair da zona de conforto

A zona de conforto é um cenário de acomodação em nossas vidas, que pode ocorrer tanto no âmbito pessoal como profissional. Nos encontramos em tal situação quando apenas repetimos hábitos, pensamentos e comportamentos por costume, sem refletir se aquilo é necessariamente o que precisamos, devemos ou queremos fazer de nossas vidas.

O pensamento “está ruim, mas está bom” caracteriza tal cenário. Afinal, pode até ser confortável acordar todos os dias para ir a um emprego estável e rotineiro – esse é o lado bom. O ruim é quando internamente sabemos que esse trabalho não nos proporciona qualquer tipo de prazer, desafio ou evolução, e nos sentimos entediados ao executar as funções.

Para Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, a crença “tá ruim, mas tá bom” ocorre quando nos acostumamos com pouco. “Quando isso acontece, a pessoa tem que sair daquela ótica. Olhar a situação de outra perspectiva”, sugere. Com isso, podemos enxergar que a vida que estamos levando não é bem aquela que gostaríamos de ter

Falsa sensação de segurança

Estar na zona de conforto nos causa uma falsa sensação de segurança. Como estamos acostumado a ela, não sentimos qualquer medo, risco ou ameaça. Contudo, nada na vida é estável ou permanente e a zona de conforto é uma “ilusão”.

“Todo mundo faz questão de não arriscar pela segurança. Muitas vezes a pessoa trabalha em uma empresa durante 40 anos, mas sempre reclamando. De repente ela tem a oportunidade de montar um negócio e fazer aquilo que gosta, mas ela continua lá pelo simples fato da segurança, em vez de investir em algo que poderia fazê-la feliz”, avalia.

Tagawa tem uma frase que ilustra essa situação: “quer segurança? Compra uma geladeira”, diz. “Ela vai funcionar durante 20 anos, não vai quebrar, só que ela vai fazer sempre a mesma coisa.”

Plano B

No mundo do empreendedorismo, é comum os especialistas alertarem para a importância de qualquer indivíduo ter um Plano B na vida profissional. Isso implica em sair da zona de conforto e pesquisar, paralelamente ao emprego atual, formas alternativas de trabalho. Essas opções podem ser tanto dentro do seu campo de especialização como fora dele – desde que você tenha afinidade e interesse pela nova área.

A sugestão é que tal busca seja feita aos poucos, com começar um curso diferente, pensar em formas autônomas de trabalho, participar de eventos e ampliar a rede de relacionamentos.

O autoconhecimento é muito importante para quem quer sair da zona de conforto. É preciso conhecer a si mesmo para saber o que te move, quais são as suas limitações e anseios. De repente podemos ser mandados embora do emprego ou o parceiro com quem nos relacionamos há anos optar por encerrar a relação. Nesses casos, quem estiver consciente da impermanência da vida lidará melhor com a situação.

Filosofia, Mente

Quais crenças atrapalham seu crescimento?

19 de setembro de 2017

Ao longo da vida acumulamos uma série de crenças limitantes que atrapalham a nossa evolução. São ideias que ouvimos da nossa família, da sociedade ou que criamos e acreditamos profundamente que são verdade. Porém, muitas delas são apenas construções sociais ou da nossa mente. Precisamos quebrá-las para avançar etapas e crescer.

Como nascem as crenças limitantes

Tudo o que escutamos de nossos pais, na escola, de amigos e na mídia, além de situações que vivenciamos, constroem nossas crenças no decorrer da vida. Quando chegamos à fase adulta, acumulamos uma série de verdades absolutas sobre vários âmbitos da existência. A questão é que nem sempre essas crenças correspondem à realidade.

É assim que nascem as crenças limitantes: são ideias negativas a respeito de situações ou de nós mesmos que nos impedem de crescer. Elas agem sobre tudo o que pensamos, sentimos e fazemos.

Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, por exemplo, ouviu muito de seus familiares quando criança que ele não teria futuro, que se tornaria um “marginal”. Isso porque ele teve uma infância conturbada e era um aluno muito rebelde na escola.

A crença que ele construiu no decorrer da vida era a de que ele não seria capaz de ter sucesso sozinho. Ele se tornou um adulto inseguro. Estava sempre procurando alguém para estar ao seu lado nos negócios, mesmo que o sócio não fosse o ideal para o que ele precisava.

Crenças são como ímãs

As crenças são como ímãs, você crê em uma verdade e ela se torna real, diz a Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional. Isso acontece porque, quando estamos conectados com uma verdade, a vida nos trará situações que sejam compatíveis com tal vibração.

É necessários que criemos distância dessas crenças enraizadas dentro de nós para que possamos ressignificá-las. Toda vez que identificarmos um pensamento negativo vindo à nossa mente, devemos refletir se ele realmente é verdade ou se é apenas uma construção criada ao longo dos anos.

“Não é porque alguém disse que você é incapaz que isso é verdadeiro. Não é porque um relacionamento não deu certo uma vez, que toda vez será igual. Não é porque tudo ainda não está como queria em sua carreira e vida pessoal, que não vai conseguir”, alerta o Instituto Brasileiro de Coaching. De acordo com a organização, é muito importante ter esta consciência e buscar ser mais otimista em relação a si mesmo.

Quebre as crenças que te fazem mal

Tagawa afirma que precisou bater muito a cabeça para entender alguns comportamentos que repetia por conta de crenças limitantes que o atrapalhavam. Nos negócios, por exemplos, participou de várias sociedades que não deram certo até entender que elas eram apenas uma “muleta” para a sua insegurança.

Ele revela que precisou de resiliência para expandir esse pensamento. “Eu poderia ficar remoendo tudo aquilo que eu passei, com medo de tudo e não expandir para a vida”, lembra. “Todos os dias e eu acredito que a minha vida é próspera.”

Para superar a crença limitante, umas das ações é entender de onde ela veio. Por exemplo, se você pensa todos os dias que não é capaz de fazer algo, tente identificar o que te faz pensar dessa forma. Entenda a origem da crença e a transmute. Se sentir dificuldades, busque a ajuda de algum profissional para te ajudar.

Alma, Espiritualidade

A metáfora do ‘trem da vida’: como aceitar a impermanência das coisas

22 de agosto de 2017

Acostumar-se com a chegada e partida de pessoas na nossa vida não é fácil. Nem sempre amizades duram para sempre ou continuam como eram no passado. E às vezes aqueles que conhecemos há pouco tempo se tornam muito importantes para nós. Na Filosofia do Bonsai, a metáfora do “trem da vida” nos ajuda a refletir sobre essa impermanência, aceitando as entradas e saídas dos passageiros a cada estação.

Nossa vida é como uma viagem de trem

“Nossa vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e de tristezas com os desembarques…”, diz um trecho de um texto popularmente disseminado, de autor desconhecido.

Comparar a nossa jornada com uma viagem de trem nos ajuda a entender a impermanência das relações. Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, utiliza muito dessa metáfora para si mesmo. Ela o ajuda a compreender e aceitar a chegada e partida de pessoas em sua trajetória.

“Eu sou um trem. Lá no fundo existe um arco-íris com um pote de ouro. E é o trem da vida. Eu paro em várias estações, e tem muitas pessoas que descem, outras sobem, e tem algumas pessoas que estão comigo desde que eu comecei minha jornada, e que não descem”, explica.

Tagawa acredita ser importante saber permitir que alguns desçam em determinada estação; afinal de contas, nem todos que estão no trem vão para o mesmo destino. Da mesma forma, é preciso estar atento e manter a porta aberta para que outros embarquem.

“Às vezes a gente pensa: poxa, aquela pessoa era a mais importante da minha vida naquele momento e está desembarcando? Sim, naquela passagem era, só que ela desceu e pode ser que você não encontre nunca mais essa pessoa. Deixe a pessoa descer e permita que outra pessoa suba”, avalia.

Lei da impermanência

É amplamente conhecida a Lei da Impermanência, que diz que tudo está em movimento e nada é igual ao momento seguinte. Tal conceito é comum nas sabedorias orientais. No ocidente muitas vezes somos ensinados a acreditar que as coisas duram “para sempre”, o que é uma ilusão.

“Se quer saber a verdade da vida e da morte, precisa refletir continuamente sobre isso. Há somente uma lei que nunca muda no Universo – é a de que todas as coisas mudam, todas as coisas são impermanentes”, disse Buda a uma mulher que sofria muito por ter perdido um filho recém-nascido.

O ensinamento nos auxilia tanto em partidas eternas – como a morte – como a daquelas de pessoas que estavam no mesmo trem – e às vezes até no mesmo vagão – que nós, mas precisaram descer.

“Vai acontecer. É inerente da nossa existência isso. Não é uma coisa que você controla. O que você controla são as suas escolhas. As pessoas que entraram no trem você vai escolher se quer ter uma jornada com ela ou não, curta, média ou de longo prazo. Assim como eu já desci do trem de um monte de gente”, sugere Tagawa.

É importante não nos apegarmos ao que vai embora e termos paciência de aceitar os processos transitórios da vida. “O grande mistério afinal é que nunca saberemos em qual parada iremos descer, muito menos nossos companheiros de viagem”, explica o texto amplamente disseminado.

Às vezes estamos em um vagão que fica vazio em uma estação, mas logo o trem chega na próxima e novos embarques acontecem e precisamos estar prontos para abrir a porta e permitir que a viagem prossiga para onde buscamos ir.