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Alma, Propósito

Por que é importante não se preocupar com a opinião dos outros

14 de fevereiro de 2018

Por Gabriela Gasparin

“Segue o teu destino, rega as tuas plantas, ama as tuas rosas. O resto é sombra de árvores alheias”. Essa citação do poeta Fernando Pessoa nos inspira a refletir sobre a importância de não nos preocuparmos com a opinião dos outros – e nem sobre a vida deles. Quanto mais tempo gastamos preocupados com o que os outros pensam a nosso respeito, menos energia temos para nos concentrar no que realmente importa: agradar a nós mesmos.

Por que a opinião dos outros nos afeta?

Não deveria ser assim, mas muitas vezes nos abalamos com o que pensam ou dizem a nosso respeito. É comum ficarmos chateados, decepcionados e, não raramente, até mesmo mudarmos nosso jeito de ser apenas pensando em agradar os outros.

O pior é que não fazemos isso somente com relação ao que dizem familiares, amigos e conhecidos, mas também levando em conta comportamentos e pensamentos gerais existentes na sociedade.

Quantas vezes deixamos de fazer o que realmente queremos apenas para atender expectativas sociais? Isso vale desde a roupa que vamos vestir até a escolha de uma profissão, estilo de vida ou relacionamento amoroso.

Agimos dessa forma, às vezes até mesmo de forma inconsciente, porque buscamos aprovação dos outros. Contudo, como já é amplamente sabido, é impossível agradar a todos. Sempre vai existir alguém a nos criticar, questionar ou desaprovar o que estamos fazendo.

O mais curioso de tudo isso é que, quando abrimos mão de nos preocupar com o que os outros pensam e agimos naturalmente, tendemos a atrair e receber atenção das pessoas que nos admiram justamente pelo que somos – e não por aquilo que estamos tentando ser.

Como não se preocupar com a opinião alheia?

A primeira coisa a se fazer é fortalecer o amor próprio e o autoconhecimento. Quanto mais estamos em paz e conscientes do motivo pelo qual fazemos o que fazemos, menos nos preocupamos com o que vão pensar de nós.

Quem tem que julgar que a nossa vida é boa e bem-sucedida é o próprio indivíduo, diz o professor e renomado palestrante Leandro Karnal, em vídeo disponível no YouTube, citando o filósofo francês Luc Ferry, autor do livro O que é uma vida bem-sucedida?. “É o indivíduo que tem que entender que a função dele é A, B ou C”, diz Karnal, acrescentando que o julgamento tem que ser subjetivo e pessoal.

“O problema é se libertar do julgamento do mundo, entre o corpo que eu tenho e o corpo que o mundo quer que eu tenha, entre o dinheiro que eu quero ter e o dinheiro que o mundo quer que eu tenha, o conhecimento que tenho e o que o mundo quer que eu tenha. Não é fácil fazer esse afastamento”, sugere o professor.

A importância do autoconhecimento

 O autoconhecimento é essencial para deixarmos de nos preocupar com o que dizem ou até mesmo com a vida alheia. Quando sabemos o nosso propósito, nossos valores e os motivos que nos movem, é muito difícil que a simples opinião alheia nos abale. “Quem não conhece a si mesmo desconhece a sua própria essência e isso faz com que as opiniões de terceiros tenham uma grande importância, principalmente as opiniões e críticas negativas”, diz artigo disponível no site do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC).

A dependência da opinião alheia, diz o texto, é fruto da ausência de critérios que garantam uma avaliação a respeito de si mesmo. É claro que considerar críticas e sugestões dos outros é sempre válido e importante para nosso crescimento e evolução, mas não podemos tê-las como verdade absoluta e nem nos moldar com relação ao que os outros esperam de nós.

Também é importante sabermos que nada é para sempre e que tudo muda – inclusive nós mesmos. Compreender essa impermanência da vida e estar abertos a mudanças nos ajuda a não se preocupar tanto com a opinião dos outros, diz a Monja Coen, da tradição zen budista, em vídeo disponível no YouTube. “Nós estamos mudando e às vezes esse olhar do outro pode nos ajudar, porque ele nos mostra alguma incoerência nossa”, sugere.

O mais importante, sobretudo, é sermos coerentes com nós mesmos. “O que você pensa de você? O que você acha de você mesmo? Você se observa em profundidade e é coerente com seus princípios? No budismo a gente fala que se você vê a você mesmo e você vê o que está fazendo, o mundo sabe”, salienta a monja.

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.