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Como praticar a compaixão, o ato de ‘sofrer com o outro’

31 de janeiro de 2018

Por Gabriela Gasparin

“A compaixão é, talvez, a mais humana de nossas características”, diz o educador Rubem Alves no livro Ostra feliz não faz pérola. Ser compassivo e querer eliminar o sofrimento dos outros faz parte da natureza humana, garantem sábios e estudiosos. Apesar de parecer uma virtude reservada para santos ou pessoas altruístas, o sentimento de compaixão pode ser encontrado dentro de cada um de nós.

O que é compaixão?

Entre os significados de compaixão no dicionário da língua portuguesa estão “sentimento benévolo que a dor e o sofrimento de alguém nos inspira; dó, lástima, piedade”. Ser compassivo é desejar que os seres não sofram, é uma reação ao sofrimento, diz o neuropsicólogo Rick Hanson no livro O cérebro de Buda.

Rubem Alves reflete, no livro citado no início deste texto, que a medicina, por exemplo, surgiu da compaixão, uma vez que os médicos estudam e pesquisam com o intuito de aliviar a dor dos pacientes. E o autor acrescenta que compaixão, na sua origem etimológica, “quer dizer sofrer com o outro”.

Como praticar a compaixão

Ser compassivo exige ter empatia <link texto empatia> pelo outro e sentir o problema que a pessoa está vivendo. Hanson sugere que após despertar a empatia pelas dificuldades da outra pessoa, devemos nos abrir para a dor dela, mesmo que de forma sutil, deixando a simpatia e a boa vontade brotarem naturalmente.

Segundo ele, para munir os círculos neurais de nosso cérebro de compaixão, podemos trazer à tona como é a sensação de estar com alguém que goste de nós, enquanto evocamos emoções sinceras como gratidão ou ternura.

De acordo com o autor, emanar sentimento de bondade, em frases como “que você não sofra”, “que encontre a paz” e “que tudo dê certo” são exemplos de como exercitar a compaixão para com os demais. “Quando vemos que tudo está conectado e os muitos obstáculos e desafios que impulsionam cada pessoa, a compaixão brota naturalmente”, diz.

É possível inclusive sentir compaixão por pessoas com quem temos um relacionamento difícil, garante Hanson. Por mais que essa tarefa seja desafiadora, o autor sugere que a prática reforça em nós a importante lição de que somos um só em nosso sofrimento.

É válido destacar, sobretudo, que compaixão não é o mesmo que ter pena de alguém, tendo em vista que a pena pressupõe um sentimento de superioridade de quem a sente. Na compaixão nos equiparamos ao outro, compreendendo que a dor dele poderia ser a nossa.

A compaixão faz bem a nós mesmos

Sentir ternura e desejar que o sofrimento do outro acabe tem como consequência nosso próprio bem. Isso porque ninguém está imune ao sofrimento na vida, e quando simpatizamos com o sofrimento alheio, abrimos oportunidades de compreender que sofrer faz parte da existência de todos nós. Dessa forma, sentir compaixão por nós próprios quando sofremos traz paz e de certa forma ameniza a dor.

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.