Por Gabriela Gasparin
“Numa terra de fugitivos, aquele que anda na direção contrária parece estar fugindo”, diz disseminada máxima do poeta inglês T. S. Eliot. Frase com significado muito semelhante é de autoria de outro poeta, o polonês Stanislaw Jerzy Lec: “para chegar à fonte, é preciso nadar contra a corrente”. As imagens transmitidas pelas palavras desses sábios pensadores nos inspiram a tomar coragem para seguir o caminho do coração.
Dê o primeiro passo rumo ao caminho do coração
Caso as duas frases ainda não tenham servido de inspiração para você dar agora o primeiro passo rumo ao que sempre sonhou, outra dica é imaginar as seguintes cenas: é um dia de muito calor e você está finalmente chegando embaixo de uma energética cachoeira, após o esforço de ter nadado contra a correnteza. Ou: você está se despedindo de uma empresa, grupo ou comunidade da qual participava, mas sente que aquele lugar não te pertence mais.
Qual sensação você sentiu? Liberdade, alívio, felicidade e alegria são respostas possíveis. Contudo, todos sabemos que outras sensações muito diferentes podem estar impedindo a ação: medo, insegurança, sofrimento, abdicação e dor, por exemplo.
No caminho a toda conquista ou vitória, há sempre um esforço ou dificuldade a ser vencida e superada. Contudo, estudiosos e especialistas asseguram que mais vale arriscar-se do que viver na frustração.
Comece a voar
Vencer o medo é o primeiro passo a ser dado. Um trecho de autoria do escritor francês Guilherme Apollinaire diz: “nós os conduzimos até a borda e pedimos que voassem. Eles não arredaram o pé. Voem, dissemos. Eles não se mexeram. Nós os empurramos para o abismo. E eles voaram.”
Temos medo de não conseguir, de sofrer e de passar por dificuldades. Tememos até o que os outros vão pensar de nós caso comecemos a fazer o que realmente queremos. Enquanto isso, ficamos no campo do desejo e não partimos para a ação. E por isso que uma característica importantíssima precisa estar presente em nós para que possamos “pular no abismo e começar a voar”: o otimismo e a crença de que tudo dará certo.
O filósofo alemão Goethe nos faz refletir que quando caminhamos rumo ao caminho do coração, coisas inimagináveis acontecem para a nossa realização:
“Em relação a todos os atos de iniciativa e de criação, existe uma verdade fundamental, cujo desconhecimento mata inúmeras ideias e planos esplêndidos: a de que no momento em que nos comprometemos definitivamente, a Providência move-se também. Toda uma corrente de acontecimentos brota da decisão, fazendo surgir a nosso favor toda sorte de incidentes, encontros e ajuda que nenhum homem sonharia que viesse em sua direção. Se você é capaz de sonhar, então já é capaz de realizar. A coragem contém em si mesma genialidade, poder e magia. Comece agora.”
‘Não confunda derrota com fracasso’
Ao adentrarmos o caminho do coração, temos que ter consciência, contudo, de que coisas podem dar errado. Nessas horas, ter resiliência é fundamental.
O filósofo Mário Sérgio Cortella, em entrevista à rádio CBN durante as Olimpíadas de 2016, falou sobre a capacidade dos atletas de não temerem a derrota. “Não confunda derrota com a ideia de fracasso. Uma pessoa não fracassa quando ela é derrotada, ela fracassa quando desiste após ser derrotada”, ressaltou.
De acordo com Cortella, só conseguimos a capacidade de equilíbrio naquilo que pratica quando admite que, vez ou outra, é tirada do caminho da vitória. “O fracasso existe quando você desiste sem tentar de novo. A derrota ela faz parte, não é a coisa mais gostosa, mas é um componente da vida.”
*Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria
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