Alma, Espiritualidade

Como transformar a sensação de vazio interior na nossa principal motivação

22 de setembro de 2017

Gabriela Gasparin

Às vezes sentimos um vazio interior que faz a gente pensar que nada na vida faz sentido. Parece que há um vácuo no fundo da alma. Ficamos chateados e deprimidos. Quando essa sensação de vazio estranha aparece, a melhor forma de curá-la é buscar formas sadias de preencher o vazio. Afinal, como diz o psiquiatra Viktor Frankl: “a busca por sentido é a principal motivação da vida do homem”.

Por que temos essa sensação de vazio?

O sentimento de vazio existencial é bastante comum na atual geração. De acordo com Frankl, em seu livro “A busca de sentido”, há dois fatores para isso. Um deles é que o ser humano evoluiu e perdeu instintos animais básicos que antes asseguravam a nossa existência. Outro, um pouco mais recente, é a perda de tradições, que antes serviam de apoio para o nosso comportamento.

Sem instinto e tradições, muitos de nós ficamos perdidos, sem ter o que nos guiar. É comum buscarmos preencher esse vazio com fontes externas a nós, como comida, sexo, álcool, dinheiro, poder, status, fama e etc. Porém, como sabemos, tais comportamentos pode nos levar a vícios e acabam não preenchendo a lacuna interior, que é sentida na alma.

Além disso, a sociedade atual prega cada vez mais o individualismo. Todos nós acreditamos que somos especiais e queremos provar isso para o mundo. Não queremos sentir que estamos aqui de passagem, como diz o filósofo Mário Sérgio Cortella, em seu livro “Por que fazemos o que fazemos?”

Sanar esse sentimento geralmente exige uma busca mais profunda, menos superficial. Precisamos encontrar um propósito que nos mova, algo que nos faça sentir atuantes, sabendo que fazemos alguma diferença. “Uma vida com propósito é aquela em que sou o autor da minha própria vida. Eu não sou alguém que vou vivendo”, diz Cortella.

‘Quem procura, acha’

Dessa forma, um motivador para quando estamos sentindo esse vazio interior que parece que jamais vai embora é ir à caça do que no faz bem. “Uma vez que cada situação na vida constitui um desafio na vida da pessoa e lhe apresenta um problema para resolver, pode-se, a rigor, inverter a questão do sentido da vida. A pessoa não deveria perguntar qual é o sentido da vida, mas antes deve reconhecer que é ela que está sendo indagada”, salienta Frankl.

No livro “QS, Inteligência Espiritual”, os autores Danah Zohar e Ian Marshall, afirmam que podemos encontrar tais respostas acessando a nossa inteligência espiritual, que é a “inteligência da alma”. Ao utilizarmos o QS, criamos os próprios valores e o que nos move. “É a inteligência com a qual reconhecemos não só valores existentes, mas com a qual, criativamente, descobrimos novos valores”.

Os autores salientam que pelo uso refinado dessa inteligência, e com o emprego de honestidade pessoal e da coragem, podemos nos conectar com as fontes e os sentidos mais profundos existentes em nós. Então podemos usar essa conexão para servir causas e processos muito mais amplos do que nós mesmos. “Nossa salvação mais autêntica talvez esteja em servir nossa imaginação mais profunda.”

Como diz Frankl, cada pessoa é indagada pela vida e somente ela pode responder à vida. Sabe como? Sendo responsável pela sua própria vida.

* Gabriela Gasparin é jornalista, escritora e autora do livro “Vidaria, uma coletânea de sentidos da vida”. É também criadora do blog Vidaria.

 

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