Alma, Espiritualidade

A metáfora do ‘trem da vida’: como aceitar a impermanência das coisas

22 de agosto de 2017

Acostumar-se com a chegada e partida de pessoas na nossa vida não é fácil. Nem sempre amizades duram para sempre ou continuam como eram no passado. E às vezes aqueles que conhecemos há pouco tempo se tornam muito importantes para nós. Na Filosofia do Bonsai, a metáfora do “trem da vida” nos ajuda a refletir sobre essa impermanência, aceitando as entradas e saídas dos passageiros a cada estação.

Nossa vida é como uma viagem de trem

“Nossa vida é como uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques, de pequenos acidentes pelo caminho, de surpresas agradáveis com alguns embarques e de tristezas com os desembarques…”, diz um trecho de um texto popularmente disseminado, de autor desconhecido.

Comparar a nossa jornada com uma viagem de trem nos ajuda a entender a impermanência das relações. Alexandre Tagawa, idealizador da Filosofia do Bonsai, utiliza muito dessa metáfora para si mesmo. Ela o ajuda a compreender e aceitar a chegada e partida de pessoas em sua trajetória.

“Eu sou um trem. Lá no fundo existe um arco-íris com um pote de ouro. E é o trem da vida. Eu paro em várias estações, e tem muitas pessoas que descem, outras sobem, e tem algumas pessoas que estão comigo desde que eu comecei minha jornada, e que não descem”, explica.

Tagawa acredita ser importante saber permitir que alguns desçam em determinada estação; afinal de contas, nem todos que estão no trem vão para o mesmo destino. Da mesma forma, é preciso estar atento e manter a porta aberta para que outros embarquem.

“Às vezes a gente pensa: poxa, aquela pessoa era a mais importante da minha vida naquele momento e está desembarcando? Sim, naquela passagem era, só que ela desceu e pode ser que você não encontre nunca mais essa pessoa. Deixe a pessoa descer e permita que outra pessoa suba”, avalia.

Lei da impermanência

É amplamente conhecida a Lei da Impermanência, que diz que tudo está em movimento e nada é igual ao momento seguinte. Tal conceito é comum nas sabedorias orientais. No ocidente muitas vezes somos ensinados a acreditar que as coisas duram “para sempre”, o que é uma ilusão.

“Se quer saber a verdade da vida e da morte, precisa refletir continuamente sobre isso. Há somente uma lei que nunca muda no Universo – é a de que todas as coisas mudam, todas as coisas são impermanentes”, disse Buda a uma mulher que sofria muito por ter perdido um filho recém-nascido.

O ensinamento nos auxilia tanto em partidas eternas – como a morte – como a daquelas de pessoas que estavam no mesmo trem – e às vezes até no mesmo vagão – que nós, mas precisaram descer.

“Vai acontecer. É inerente da nossa existência isso. Não é uma coisa que você controla. O que você controla são as suas escolhas. As pessoas que entraram no trem você vai escolher se quer ter uma jornada com ela ou não, curta, média ou de longo prazo. Assim como eu já desci do trem de um monte de gente”, sugere Tagawa.

É importante não nos apegarmos ao que vai embora e termos paciência de aceitar os processos transitórios da vida. “O grande mistério afinal é que nunca saberemos em qual parada iremos descer, muito menos nossos companheiros de viagem”, explica o texto amplamente disseminado.

Às vezes estamos em um vagão que fica vazio em uma estação, mas logo o trem chega na próxima e novos embarques acontecem e precisamos estar prontos para abrir a porta e permitir que a viagem prossiga para onde buscamos ir.

You Might Also Like

No Comments

Leave a Reply

Quero receber notificações: